Você conhece ou já ouviu falar de Tereza de Benguela? Ela ficou popularmente conhecida entre o povo quilombola como Rainha Tereza. Em sua homenagem, foi instituído o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra, lembrado em 25 de julho.
Tereza de Benguela viveu no século XVIII e foi a líder do Quilombo do Piolho, também conhecido como Quariterê. A comunidade ficava localizada próxima às margens do rio Guaporé, no estado de Mato Grosso, e fazia fronteira com a Bolívia. Tornou-se chefe do lugar após a morte do ex-líder e esposo, José do Piolho, que foi assassinado por soldados.
Historiadores não sabem dizer ao certo suas origens. Há quem acredite que ela nasceu no Brasil. Outros defendem que ela nasceu em Angola.
De acordo com dados da Biblioteca Setorial do Centro de Cultura, Linguagens e Tecnologias Aplicadas (Cecult), da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), os documentos da época apontavam que no local eram cultivadas plantações de banana, feijão, mandioca, milho, dentre outros.
De acordo com o cientista social Hilário Ferreira, "durante o período em que ela assumiu, o quilombo desfrutou de grande prosperidade e passou ileso às tentativas de ataques dos portugueses".
"Somente em 1770, que uma expedição portuguesa conseguiu conquistá-lo, assassinando alguns quilombolas, e fazendo com que outros fugissem", afirma.
Ela recebeu o título de rainha em função de ser companheira de José Piolho — que era titulado como rei — e passou a liderar o Quilombo do Piolho nessa região.
É importante destacar que a estrutura administrativa e política que Tereza construiu no quilombo não era do desconhecimento dos africanos. "Vizinho ao reino de Angola, existia a Confederação do Congo, onde a democracia era um regime muito vivenciado e praticado", afirma Hilário.
Ainda de acordo com a biblioteca setorial, Tereza mantinha o sistema de defesa com armas trocadas com os brancos, ou roubadas das ilhas próximas. Assim como Palmares, os quilombos de certa forma negociavam com os brancos.
"Os objetos de ferro utilizados contra a comunidade negra que lá se refugiava, eram transformados em instrumentos de trabalho, visto que dominavam o uso da forja".
Hilário afirma que dessa região vieram muitos metalúrgicos. Ele também explica que o termo "Benguela" está ligado à cidade ao oeste de Angola. O historiador cita que o lugar aparece bastante em documentações coloniais e do Império. É possível que ela tenha vindo dessa província, por isso o nome 'Tereza de Benguela'.
Não existe uma unanimidade sobre o fim de Tereza. Segundo Hilário, alguns historiadores acreditam que ela morreu nos combates de 1770; outros creem que ela conseguiu fugir do ataque e viver mais alguns anos.