LOCKDOWN NA PANDEMIA Quando Miguel Nicolelis deixou o comitê científico do Consórcio Nordeste em fevereiro, insatisfeito por não ser ouvido pelos governadores, a mensagem foi clara: as respostas estão na mesa. Os estados precisam do lockdown de verdade, sem atalhos e sem entrelinhas. O vírus desconsidera comprometimentos políticos de abre e fecha e os mortos não usufruem das novas atividades essenciais.
Por isso, preocupou muito quando o prefeito de Fortaleza, José Sarto (PDT), sancionou igrejas e academias como serviços essenciais, na última quinta-feira, 11. O alívio veio um dia depois, 12, com a proibição do funcionamento presencial desses setores durante o lockdown no Ceará pelo decreto estadual. Foi uma decisão acertada, baseada em Ciência, como deve ser.
O problema é esperar demais, como se os resultados pudessem magicamente mudar, apesar das análises científicas. Em janeiro, Nicolelis já tinha alertado em entrevista ao O POVO para uma subida sincronizada de casos de Covid-19 no Ceará, além da presença quase certa da variante P.1 em todos os estados.
Assim, o atual lockdown cearense ultrapassa a necessidade de controlar a curva íngreme de novos casos e desafogar hospitais. É, também, o único caminho para impedir o surgimento de novas variantes. Isso não é mistério, está posto em todos os espaços em que há um cientista. Falta os governantes, em todas as esferas, pararem de buscar atalhos.