Os próximos dias serão decisivos para o arranjo do poder no Ceará e o desenho da corrida eleitoral em 2022. Neles, é possível que se conheça finalmente quem vai representar o governismo no pleito, mas, principalmente, se PT e PDT estarão juntos, consolidando uma aliança que remonta a 2006, com o primeiro governo de Cid Gomes.

Ou se, pelo contrário, os dois partidos vão trilhar caminhos singulares, possibilidade que altera drasticamente o horizonte da disputa no Estado, com reflexos na situação e na oposição. Não se trata de mera escolha de nome, portanto, mas de impasse que antecipa os movimentos tectônicos de um novo cenário político, no qual lideranças mais jovens, como Camilo Santana (PT), Roberto Cláudio (PDT) e Capitão Wagner (União Brasil), tentam se firmar na esteira da fadiga natural do bloco no comando administrativo atual.

O que se vê agora são talvez as fricções típicas de uma transição de ciclos. Não por acaso, os cálculos que estão sendo feitos neste momento levam em consideração a renovação do poder sem perda de controle ou de hegemonia. Por isso cada rodada de conversas entre as lideranças das legendas aliadas (notadamente petistas e pedetistas) é sempre cercada de tensões, avanços e recuos, assertivas e blefes.

A que se passou, por exemplo, trouxe refresco para o bloco, mas o desafio de compatibilizar interesses ora mais, ora menos conflitantes permanece. Nesse jogo, devem ser testadas as habilidades políticas e o grau de autonomia do ex-governador Camilo ante o capital acumulado dos irmãos Cid e Ciro Gomes (PDT) na primazia do processo decisório.