Igualdade Discutir sobre como a mulher é tratada com violência pela exposição de seu corpo me parece repetitivo, mas, infelizmente, ainda necessário. Todas nós sabemos, quando o assunto é sexo, se há uma pessoa do gênero feminino envolvida, ela vai responder por isso de maneira humilhante (no curto ou longo prazo, diga-se). Vai ser julgada, posta em dúvida.
Passada toda a zombaria envolvida no vídeo da Praia de Iracema, o que era motivo de brincadeira virou quase uma história de terror e alerta. Foi quando a única mulher do trio revelou nas redes sociais estar sob efeito de drogas. A princípio, os relatos nos mostram algo sintomático da nossa sociedade. É a ignorância sobre o que é um estupro.
Isso porque, independente de violência (física e psicológica), o estupro também fica configurado quando a vítima não tem como decidir sobre o ato. Está definido em lei e não precisamos de muito esforço para perceber. Alguém sob influência de substância ou até com um distúrbio mental não tem como decidir.
A Polícia Civil instaurou inquérito para investigar a denúncia de crime contra a dignidade sexual no episódio. Qualquer outra elucubração ou juízo de valor sobre os envolvidos são irrelevantes. O que fica dessa história, provavelmente, é a repetição da cartilha que as meninas na infância costumam ouvir de cor e salteado durante a vida, as formas de se proteger.
Desde não ficar sozinha, não aceitar nada de estranhos a ajudar outra mulher que parece em situação de risco, o que deve dar mais resultado passa longe de um rosário conservador: igualdade de gênero. A começar pelos meninos, que devem aprender sobre limites, consentimento e masculinidade tóxica.