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Depois de consumir o que estava pela frente durante mais de 30 horas, o fogo que destruiu parte do Parque do Cocó passou a queimar as entranhas da mata, em chamas subterrâneas. Como comentou em entrevista Vilma Freire, secretária estadual do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas, preocupa o que a gente não consegue enxergar, por tornar a destruição ainda mais difícil de combater.
A destruição de parte da unidade de conservação (UC) ficou muito visível nos últimos dias. A fumaça chegou às casas de milhares de fortalezenses. Situação muito parecida com o que ocorreu em novembro de 2021, no último grande incêndio que suprimiu 46 hectares de fauna e flora no parque. Mas entre esses pouco mais de dois anos, o que vimos?
O que foi feito para os incêndios não se repetirem desde 2021? Há brigadistas, tecnologias, verba e atenção suficientes para cuidar do quarto maior parque natural urbano da América Latina?
Os dados sobre os focos de calor no local não são claros. Segundo a Sema, em 2023, apenas dois focos de pequena proporção foram registrados no parque, mas não foi especificado como a categorização é feita. Já registros feitos por satélites e divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostram diversos focos nas proximidades dos limites da UC.
Em tempos cada vez mais quentes e em uma Fortaleza com poucas áreas verdes, tragédias ambientais como essa pedem mais do que reflorestamento das áreas perdidas e mitigação após o incêndio — apesar dessas ações também serem cruciais.
O secretário executivo de planejamento e gestão da Sema, Gustavo Vicentino, declarou que irá se reunir com o Corpo de Bombeiros e com a Perícia Forense para planejar estratégias de monitoramento e fiscalização mais efetivas. Um plano de contingência de desastres também é elaborado.
Prevenção precisa ser a palavra da vez para que finalmente seja possível evitar tragédias dessa magnitude em um dos mais importantes espaços de preservação da cidade.