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Meio ambiente: Ano novo, velhos costumes políticos
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Meio ambiente: Ano novo, velhos costumes políticos

Na reta final de 2024, a pauta ambiental sofreu reveses importantes em Fortaleza e no Ceará. As semanas finais do ano foram marcadas por atropelos na Câmara e na Assembleia Legislativa
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Área no bairro Serrinha que perde o status de proteção ambiental
 (Foto: FCO FONTENELE)
Foto: FCO FONTENELE Área no bairro Serrinha que perde o status de proteção ambiental

Final de ano é época de celebração. Conforme o fim de dezembro se avizinha, voltamos as atenções para as festividades de Natal e Réveillon e miramos o ano que se aproxima. Nesse contexto, a cena política parece ficar em segundo plano e os políticos sabem disso. Aproveita-se para discutir - ou não discutir - temas sensíveis e, muitas vezes, aprovar pautas que mereceriam mais dedicação, esforço e, sobretudo, tempo para debate.

Na reta final de 2024, a pauta ambiental sofreu reveses importantes em Fortaleza e no Ceará. As semanas finais do ano foram marcadas por atropelos na Câmara (CMFor) e na Assembleia Legislativa (Alece). Os vereadores aprovaram um desmonte ambiental, com a exclusão de áreas de proteção em diversos bairros. Já os deputados aprovaram a pulverização de agrotóxicos por drones, abrindo brecha em uma lei que vetava a prática.

Ambos os temas foram aprovados sem a discussão e o tempo devidos. Um descompromisso com questões que têm tantas repercussões possíveis. Entre os presentes de Natal - vestidos à força e pelo avesso - os vereadores aprovaram o aumento dos próprios salários (R$ 26 mil a partir do ano que vem). Esse sim, um presentão.

Na Assembleia, a liberação de agrotóxicos por drones inverteu papeis. O governador Elmano de Freitas (PT) apoiou e sancionou o texto horas após a aprovação e foi acompanhado pela oposição. O petista viu parte de sua base votar contra a matéria.

Mais grave, Elmano é coautor da Lei Zé Maria do Tomé, que vetava a pulverização aérea. A autoria é do deputado Renato Roseno (Psol), a voz mais crítica nesse contexto, que disse que Elmano "rasgava sua história", lembrando a ligação entre o governador e o MST.

Entra ano e sai ano, as Casas do Povo, que deveriam ser espaços de divergência e debate, têm protagonizado um corre-corre para aprovar projetos polêmicos, sobretudo quando as atenções parecem dispersas. Não foi a primeira, nem será a última vez. É um padrão. Ano novo, velhos costumes políticos. Entretanto, vale parafrasear Roseno e alertá-los: "O risco que corre o pau, corre o machado".

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