Pouco mais de um século desde a sua primeira aparição em Portugal, os fiéis se reúnem em procissão nesta terça-feira, 13, para Nossa Senhora de Fátima. A cidade e o País são diferentes — Fortaleza, no Brasil, fica a 5.702 km de distância de sua contrapartida portuguesa (Fátima) —, mas a devoção permanece.
As palmas do público impulsionam a movimentação, iniciada na Paróquia Nossa Senhora do Carmo, no Centro. O carro que guia a imagem da santa começa a se mover e as vozes do trio elétrico são engolidas pelo coro: “Maria, cheia de graça e consolo. Vem caminhar com seu povo!”, clama o refrão.
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De braços levantados pela “Senhora da paz” que “vem orando por nós”, está a baiana Suzete Queiroz, 61. Morando há 30 anos no Ceará, a fiel relata que saiu de seu Estado como devota de Nossa Senhora da Conceição, mas encontrou a devoção à Nossa Senhora de Fátima quando chegou em Fortaleza, graças aos amigos.
“É uma paz espiritual, é a glória de ter nossos desejos realizados por ela”, reflete Suzete sobre a participação. “Eu consegui ontem ser registrada novamente, em um novo emprego, e estou muito feliz. Eu vim agradecer”.
Quem também deseja retribuir as graças recebidas pela santa é Tatiana Marques, 49. “Eu fiz uma promessa e, graças a Deus, alcancei. E todo dia 13, além de maio, eu estou na (paróquia) Nossa Senhora de Fátima, agradecendo”, diz a psicóloga.
Agora, Tatiana retorna à figura da santa e participa da caminhada pela primeira vez, em nome do sogro, que está doente. “Mas graças a Deus ele está saindo do hospital, e foi ela que deu essa graça. Mais uma!”, completa.
Entre vivas a Jesus e Nossa Senhora, os participantes também usaram a procissão para dar as boas-vindas ao papa Leão XIV e relembrar com carinho o papa Francisco, “que está no Céu intercedendo por nós”, como declama a organização no trio elétrico.
Os destaques na caminhada também se estendem aos próprios moradores das ruas interditadas, que decoram suas casas e aguardam a chegada dos fiéis para compartilhar a sua devoção na forma de altares elaborados.
“Durante muitos anos, nesse tempo de procissão, a minha mãe une a família. E para nós é uma alegria muito grande, seria como o Natal, sabe? A gente se reúne, vem os netos, os sobrinhos, as cunhadas”, explica o barbeiro Flávio Nery, 60.
A tradição de construir um altar para Nossa Senhora de Fátima e decorá-lo de formas diferentes a cada ano começou com a mãe, Ester Nery, 82, que afirma manter o hábito “com muito carinho” e a ajuda dos filhos que moram mais perto.
“Nós botamos muito lírio, porque os lírios são sempre o símbolo de paz. E a gente quis homenagear também o papa”, explica Flávio. “Foi um ano de muitas bençãos, né? Um papa que, se Deus quiser, vai trazer o mesmo segmento do nosso papa que se foi”.
“Na graça de Deus a gente pensou nele, se inspirou nele, para fazer um altar assim, mais com branco, com a Nossa Senhora, pedindo paz para a humanidade, paz para todo o mundo”, finaliza.
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