Um dos cofundadores da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), Marcelo Beraba, morreu nesta segunda-feira, 28, aos 74 anos, no Rio de Janeiro. O jornalista estava internado após descoberta de câncer no cérebro.
Ao longo de sua trajetória profissional, Beraba trabalhou nos jornais O Globo, Jornal do Brasil, TV Globo, O Estado de S.Paulo e Folha de S.Paulo. Neste, foi convidado a atuar como ombudsman, cargo que representa as demandas dos leitores na redação.
Em meados da década de 1990, fez parte de uma das reformas gráfico-editoriais realizadas no O POVO. “Ele passou uma semana na redação, contribuindo para a transição”, relembra a jornalista e colunista do OP+, Ana Márcia Diógenes.
Beraba também foi um dos participantes do 1º Encontro de Editores no Nordeste, promovido pela Associação Nacional de Jornais (ANJ), com apoio do O POVO, para debater questões fundamentais ligadas ao jornalismo brasileiro.
Jornalismo com +: o lugar da reportagem na era digital | ENTENDA
A colega de profissão, Ana Márcia, lamentou a partida, apontando ainda que o jornalismo deve celebrar pessoas como Marcelo Beraba.
“Ele é uma pessoa que fez a diferença por onde passou. Pela questão da ética, da investigação aprofundada, por um jornalismo de qualidade, que alcançasse o maior número de pessoas”, diz Ana Márcia.
“Com todas as alterações que o jornalismo foi passando na tecnologia, o Beraba era sempre aquela luz, aquele foco, em cima do jornalismo ético.”
Para o repórter especial da editoria de Cidades no O POVO, Cláudio Ribeiro, a atuação de Marcelo Beraba foi essencial na consolidação de um jornalismo investigativo “firme e importante à democracia” no território brasileiro.
“Falava do que era muito sério, mas também era divertido, atento, solidário, generoso. Uma perda realmente para o jornalismo brasileiro”, afirma. “Sabia muito do fazer jornalístico”.
Em nota, Rosental Calmon Alves, diretor do Centro Knight para o Jornalismo nas Américas, relatou que, sem a presença de Beraba, “a Abraji não teria crescido e se consolidado como uma das maiores organizações de jornalismo investigativo do mundo, indo muito além do que seus fundadores imaginavam naquele dezembro de 2002”.
A jornalista e professora universitária Fernanda da Escóssia usou as redes sociais para lamentar a partida de Marcelo Beraba.
"Na redação, gostava de planejar coberturas e organizar equipes. Ensinava, cobrava, estimulava. Desafiava", refletiu. "Beraba pensava nas pautas, orientava a apuração, tirava dúvidas... A gente se sentia inspirado a seguir nessa profissão doida. Aprendi muito com ele, e sua partida é uma notícia triste demais."
Filmes e séries cearenses ao alcance das mãos: DESCUBRA o catálogo do O POVO+