Ampliar a isenção do imposto de renda para pessoas que ganham até R$ 5 mil mensais representa um marco na busca por reduzir as desigualdades no Brasil. Choca saber que mais de 15 milhões de brasileiros - o número estimado pela Receita Federal dos que serão beneficiados pela medida - pagam mais imposto sobre os rendimentos do que aqueles cujos ganhos mensais superam os R$ 50 mil.
Essa realidade é mascarada numa legislação difícil de entender e descaradamente benéfica aos super ricos. Mas a medida aprovada na última semana mira o fim desse cenário ao corrigir distorções históricas, estabelecendo piso de contribuição aos estribados e dá o pontapé inicial para se ter justiça tributária.
O peso da carga de tributos, afinal, é um maldizer entre todos os estratos da sociedade brasileira, mas que penaliza especialmente os mais pobres. Reduzir esse peso desde o trabalhador até o empreendedor é um caminho defendido há décadas por especialistas da área e se mostra assertivo ao trazer benefícios rápidos - como no caso do IR que já contempla os 15 milhões de contribuintes no próximo ano.
Mas é preciso fazer mais. De fato, o abismo da desigualdade no Brasil vem caindo. Nesta última semana também, o Observatório das Metrópoles atestou o menor coeficiente de Gini da história do País. O indicador é referência na medição de sociedades desiguais no mundo e aponta o aumento do rendimento do salário como motivo da melhora.
Entretanto, ainda se vê o aumento da extrema pobreza no País - como aconteceu em Fortaleza entre 2021 e 2024. Gente que vive com menos de R$ 300 por mês, depende de programas de transferência de renda como o bolsa família para ter comida, mas que sofre com a mesma inflação nos alimentos, transportes e vestuário encarada pelos super ricos.
Seja vendo o copo da justiça tributária meio cheio ou meio vazio, o importante é fazer com que ele esteja cheio e ações como a ampliação da faixa de isenção do imposto de renda precisam avançar, sendo prioritárias, agora, na agenda do Senado Federal.