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Ceará adere à Rede Nacional de Enfrentamento aos Crimes Cibernéticos
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Ceará adere à Rede Nacional de Enfrentamento aos Crimes Cibernéticos

A iniciativa promove a integração entre as unidades especializadas na prevenção, investigação e repressão aos crimes cibernéticos
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1º Encontro Nacional sobre Crimes Cibernéticos e Fraudes Digitais foi realizado na Cisp (Foto: JÚLIO CAESAR)
Foto: JÚLIO CAESAR 1º Encontro Nacional sobre Crimes Cibernéticos e Fraudes Digitais foi realizado na Cisp

O Ceará passou a integrar à Rede Nacional de Enfrentamento aos Crimes Cibernéticos (Rede Ciber). A adesão foi realizada durante o 1º Encontro Nacional sobre Crimes Cibernéticos e Fraudes Digitais, realizado no Centro Integrado de Segurança Pública (Cisp), em Fortaleza, realizado entre os dias 30 e 31 de outubro.

A iniciativa, implementada pela Portaria nº 624/2025, da Secretaria Nacional de Segurança Pública, do Ministério da Justiça e Segurança Pública (Senasp/MJSP), prevê a troca de informações entre as polícias civis de todo o País, com operações integradas, padronização de ações e o desenvolvimento de metodologias no combate aos crimes cibernéticos.

Delegado-geral da Polícia Civil do Estado do Ceará (PC-CE) e presidente do Conselho Nacional dos Chefes de Polícia Civil (Concpc), Márcio Gutiérrez, assinou o termo de adesão e destacou que o enfrentamento aos crimes praticados em âmbito virtual é um grande desafio nacional.

“Se a gente pegar os indicadores de 2018 para cá, é uma espécie criminal que vem crescendo, já passa dos 400% de aumento (...) Existe, inclusive, uma migração do criminoso de rua para os crimes virtuais, dada a expectativa do criminoso de não ser encontrado, de utilizar do ambiente virtual exatamente para se proteger”, avalia.

A integração de dados promovida pela Rede Ciber, segundo o delegado, é de extrema importância também para o combate ao crime organizado. O acesso à base de dados das outras polícias civis no país deve promover mais celeridade nas investigações.

“Isso é muito importante: troca de informações, cooperação interestadual. A gente tem feito isso muito aqui no estado do Ceará. Temos feito muitas operações via cooperação interestadual, dos mais diversos crimes que a gente investiga. Então, esse é um caminho sem volta: cooperar, integrar as forças para que a gente consiga combater o crime de forma mais eficiente”, destaca.

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Secretário nacional de Segurança Pública adjunto e diretor de Inteligência e Operações Técnicas, Rodney da Silva ressaltou que o MSJP identificou uma migração dos crimes violentos para os crimes digitais, a partir da utilização de internet e de redes de uma maneira geral, com destaque para crimes de estelionato e fraudes.

“Além da gente desenvolver uma unidade de referência em Brasília, dentro da Diretoria de Operações Integradas da Inteligência, que é o Ciberlab, que é o Laboratório de Operações Cibernéticas, a ideia foi ampliar essa expertise e levar para os estados a mesma estrutura, a mesma qualificação dos quadros para que a gente possa, de forma integrada em todo o país, principalmente nas polícias civis e também em relação à Polícia Federal, combater esses crimes digitais”, afirma.

O secretário detalhou ainda como o fortalecimento de ferramentas tecnológicas podem ajudar a reduzir letalidade de operações policiais. De acordo com ele, as organizações criminosas atuam em diversas modalidades, desde o tráfico de drogas e extorsão à utilização de meios digitais para a prática de crimes.

“Hoje os crimes de domínio de cidade, novo cangaço, diminuíram; não só pelo belo trabalho das Forças de Seguranças estaduais, mas principalmente porque há uma tendência de querer ter uma arrecadação maior, ou seja, obter mais recurso financeiro com menos exposição dessas pessoas”, afirma.

E complementa: “Então, a internet é o espaço adequado para que esses crimes sejam cometidos. Daí a importância dessa rede integrada de policiais civis, expertos, para que possam não só prevenir, mas reprimir essa modalidade de crime organizado”.

Rede Ciber integra laboratórios de operações cibernéticas das polícias civis de todo o País

Representante do MJSP, Felipe Ferreira forneceu um panorama detalhado sobre a nova Rede Ciber, a migração do crime para o ambiente virtual e as mudanças práticas que a adesão do Ceará trará.

Segundo ele, a iniciativa vai trazer uma série de benefícios para o estado, incluindo a integração entre as polícias, integração de metodologias, difusão de boas práticas e desenvolvimento de sistemas próprios para o enfrentamento aos crimes digitais.

“Além disso, o estado também vai receber equipamentos e sistemas para conseguir operar. E a Polícia Civil do Ceará está muito à frente disso, também porque eles já têm dentro da sua estrutura da Polícia Civil um laboratório de operações cibernéticas, um laboratório cibernético. Então isso facilitou muito esse diálogo”, destaca.

Delegado de polícia do Estado do Ceará e um dos organizadores do evento, Eduardo Menezes afirma que as novas tecnologias estão ajudando na atuação das forças de segurança para o combate aos crimes. 

"A gente sabe que é um trabalho desafiador, porque os sistemas são complexos (...) Nós estamos tentando sempre buscar esse intercâmbio entre os diferentes órgãos, nas diferentes esferas, para tentarmos chegar a vários consensos em relação a qual o sistema adotado, a quais informações a gente vai colocar no sistema. E tudo isso vai ser muito benéfico para a agilidade e a eficácia das investigações", defende.

Durante o evento, Paulo Nascimento, representante do grupo OLX, destaca que o principal desafio no combate aos crimes cibernéticos reside na implementação de sistemas com grande capacidade de processamento de dados que, associado à parceria público-privada com as forças de inteligência de todos os estados tendem ser a nova tendência para o combate ao crime organizado.

“Acredito que não só no fornecimento dos dados, com o devido processo legal, mas também na capacitação de novas tecnologias para as forças da lei. Essa capacitação aos agentes públicos, ela demonstra que vem tendo grandes resultados e êxito em todos os estados. E Fortaleza, o Ceará, é um deles como expoente nesse tipo de combate aos crimes digitais”, pontua.

 

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