Logo O POVO+
Setor de eventos do Ceará vai recorrer ao Exército atrás de mão de obra
Comentar
Farol

Setor de eventos do Ceará vai recorrer ao Exército atrás de mão de obra

Em expansão no pós-pandemia, o Ceará se firma como polo de eventos no Norte e Nordeste, mas ainda enfrenta gargalos no setor
Edição Impressa
Tipo Notícia Por
Comentar
STELLA Pavan, presidente do Sindieventos CE que foi reeleita para o quadriênio 2026-2030 (Foto: Rogério Felipe / Divulgação)
Foto: Rogério Felipe / Divulgação STELLA Pavan, presidente do Sindieventos CE que foi reeleita para o quadriênio 2026-2030

Com infraestrutura fortalecida e recuperação pós-pandemia, o Ceará se destaca como polo de eventos no Nordeste, mas ainda enfrenta entraves ligados à mão de obra, à hotelaria e à malha aérea.

A avaliação é de Stella Pavan, reeleita presidente do Sindicato das Empresas Organizadoras de Eventos e Afins do Estado do Ceará (Sindieventos CE).

Segundo ela, a falta de mão de obra é hoje o maior gargalo do setor, principalmente nas áreas ligadas à estrutura dos eventos.

Para enfrentar esse problema, o sindicato articula uma iniciativa inédita, prevista para começar a partir de fevereiro de 2026, em parceria com a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (Fecomércio), por meio do projeto “Soldado Cidadão”.

A proposta consiste em capacitar soldados que deixam o Exército e não seguem carreira militar para atuarem no mercado de eventos.

“Vamos começar com cursos de montadores, de estruturas e de vários segmentos, trazendo esse soldado que não engaja no Exército para o setor de eventos”, explica Stella.

Segundo ela, a expectativa é que a iniciativa se torne “a grande sacada da década”.

“Estamos pegando profissionais jovens, disciplinados e que estão em busca de uma carreira. O setor de eventos abraça isso”, afirma.

A presidente do Sindieventos ressalta ainda que a parceria surge em um momento crítico de escassez de profissionais e pode ajudar a reduzir a carência estrutural enfrentada pelo setor.

Diminuição na rede hoteleira do Estado

Outro entrave apontado por Stella é a redução da rede hoteleira do Estado. Segundo ela, o fechamento de hotéis, sobretudo na orla da Beira-Mar, resultou em uma perda significativa de leitos, já que muitos empreendimentos foram convertidos em flats e residenciais.

“Isso é um fator que não deixa de ser negativo”, reconhece. Apesar disso, a presidente pondera haver um movimento de reequilíbrio, com a ampliação do olhar para a Região Metropolitana de Fortaleza e áreas do litoral próximas à Capital, além da expectativa de novos investimentos no setor.

Perda da malha aérea e os impactos

A malha aérea também aparece como um ponto sensível para o crescimento do mercado de eventos.

O hub aéreo de Fortaleza, consolidado a partir de 2016 no Aeroporto Internacional Pinto Martins e que atingiu seu auge em 2018, com 12 conexões internacionais, sofreu retração nos últimos anos.

Em janeiro de 2024, o terminal contava com apenas quatro ligações internacionais: Buenos Aires, Lisboa, Miami e Paris.

Stella destaca que, sob a articulação da Secretaria do Turismo do Ceará (Setur-CE), comandada por Eduardo Bismarck, o Estado tem trabalhado para recuperar conexões perdidas no pós-pandemia.

“A gente perdeu a Azul, mas há muitas promessas para o próximo ano. A expectativa é sempre de crescimento”, afirma.

Sobre isso, Fortaleza terá duas novas rotas de voos diretos, uma nacional para Foz do Iguaçu (PR) e outra internacional para Montevidéu, no Uruguai, anunciadas recentemente pelo governador Elmano de Freitas (PT).

Impacto do Centro de Eventos e expectativas para 2026

Apesar dos desafios, o Centro de Eventos do Ceará segue como um dos principais ativos do Estado.

Considerado pelo setor como um divisor de águas, o equipamento elevou o Ceará a outro patamar na disputa por feiras e congressos de grande porte.

“Colocou o Centro de Eventos em outro status. Hoje é um dos maiores da América Latina. Em termos de Norte e Nordeste, eu acredito que seja a melhor estrutura ainda”, destaca Stella.

O desempenho recente reforça esse cenário positivo. Em 2025, o setor de eventos superou, pela primeira vez, os números registrados em 2019, com forte crescimento no segmento corporativo.

A agenda para 2026 já sinaliza essa retomada, com grandes eventos confirmados. “No primeiro trimestre, teremos um grande evento da indústria ocupando todo o Centro de Eventos”, comenta.

Também já estão confirmadas o Seminário Nordestino do Agro (PecNordeste) e a Feira da Indústria, que irão utilizar simultaneamente os pavilhões Oeste e Leste.

“Além deles, o Ceará receberá o [Congresso] COCAL, evento internacional que reunirá formadores de opinião de mais de 32 países, entre os dias 1º e 3 de julho, captado pela Abeoc e pelo Visite Ceará”, afirma.

Segundo Stella, as empresas voltaram a investir no setor, impulsionadas por uma mudança no perfil do público. “Hoje, as pessoas querem experiências memoráveis, não apenas eventos comuns”, explica.

Sustentabilidade, inovação, acessibilidade e impacto social deixaram de ser diferenciais e passaram a ser exigências, assim como o uso de estruturas reutilizáveis e a gestão de resíduos.

“Isso tudo aponta para um novo momento do setor, mais maduro e mais exigente”, conclui.

Senado aprova corte de benefícios fiscais e taxação de bets e fintechs | OP News

 

Mais notícias de Economia

O que você achou desse conteúdo?