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Protestos e saques deixam pelo menos sete mortos no Chile
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Protestos e saques deixam pelo menos sete mortos no Chile

Em protestos mais violentos desde a redemocratização, mais cinco pessoas morreram em incêndio em uma fábrica
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Um manifestante segurando uma bandeira nacional chilena caminha em direção a soldados durante protestos em Santiago, em 20 de outubro de 2019. - Novos confrontos eclodiram na capital do Chile, Santiago, no domingo, depois que duas pessoas morreram quando um supermercado foi incendiado durante a noite, enquanto protestos violentos provocados pela raiva econômica condições e desigualdade social atingiram o terceiro dia. (Foto de CLAUDIO REYES / AFP) (Foto: (CLAUDIO REYES / AFP))
Foto: (CLAUDIO REYES / AFP) Um manifestante segurando uma bandeira nacional chilena caminha em direção a soldados durante protestos em Santiago, em 20 de outubro de 2019. - Novos confrontos eclodiram na capital do Chile, Santiago, no domingo, depois que duas pessoas morreram quando um supermercado foi incendiado durante a noite, enquanto protestos violentos provocados pela raiva econômica condições e desigualdade social atingiram o terceiro dia. (Foto de CLAUDIO REYES / AFP)

A pior eclosão social desde a redemocratização do Chile se intensificou com confrontos violentos e saques que deixaram pelo menos sete mortos e cerca de 1.500 detidos. Cinco pessoas morreram na tarde de ontem após o incêndio de uma fábrica de roupas em Renca, no norte de Santiago, que pegou fogo depois de ser saqueada em meio às manifestações no país.

"Lamentavelmente, foram encontrados cinco corpos no interior da fábrica, resultado desse incêndio", relatou o comandante do Corpo de Bombeiros de Santiago, Diego Velásquez. Assim, há pelo menos sete mortos nos protestos sem precedentes desde a redemocratização do Chile, em 1990.

"Temos cinco pessoas mortas e a ameaça latente de que possam morrer mais", alertou o prefeito de Renca, Claudio Castro, em meio aos muitos saques e incêndios, que se repetem em outros locais de Santiago.

Diante da virulência das manifestações e dos saques, as autoridades chilenas decretaram toque de recolher no Chile pelo segundo dia a partir das 19 horas (horário local).

A medida vigora "a partir das sete da tarde; estejam em calma e estejam todos em suas casas", disse o general Javier Iturriaga, ao anunciar a medida válida para o "estado de emergência" em cinco regiões do país. O presidente do Chile Sebastián Piñera afirmou ontem que "a democracia tem a obrigação de se defender".

"A democracia não somente tem o direito, como tem a obrigação de se defender usando todos os instrumentos que entrega a própria democracia e o estado de direito para combater aqueles que querem destruí-la", disse, após se reunir no Palácio de la Moneda com os presidentes da Câmara dos Deputados, do Senado e da Suprema Corte.

O Ministério Público informou que até ontem 1.462 pessoas foram detidas em todo Chile. Desse total de detenções, 614 ocorreram em Santiago e 848 no restante do país. O centro da capital virou um cenário de destruição: semáforos no chão, ônibus queimados, lojas saqueadas e milhares de destroços nas ruas após os protestos iniciados na sexta-feira, 18, com o aumento do preço da passagem do metrô, uma notícia que foi o estopim para uma série de reivindicações sociais.

Um saqueador pisca o sinal V enquanto ela corre durante protestos em Valparaíso, no Chile, em 20 de outubro de 2019. - Novos confrontos eclodiram na capital do Chile, Santiago, no domingo, depois que duas pessoas morreram quando um supermercado foi incendiado durante a noite, enquanto protestos violentos provocavam raiva. condições econômicas e desigualdade social atingiram o terceiro dia. (Foto de JAVIER TORRES / AFP)
Um saqueador pisca o sinal V enquanto ela corre durante protestos em Valparaíso, no Chile, em 20 de outubro de 2019. - Novos confrontos eclodiram na capital do Chile, Santiago, no domingo, depois que duas pessoas morreram quando um supermercado foi incendiado durante a noite, enquanto protestos violentos provocavam raiva. condições econômicas e desigualdade social atingiram o terceiro dia. (Foto de JAVIER TORRES / AFP)

Apesar do toque de recolher e dos quase 10.000 militares nas ruas, os distúrbios prosseguiram durante a madrugada em Santiago e outras cidades, como Valparaíso e Concepción. Na capital, duas pessoas morreram no sábado em um grande incêndio após o saque de um supermercado.

Os manifestantes também atacaram ônibus e estações do metrô. De acordo com o governo, 78 estações foram atingidas e algumas ficaram completamente destruídas.

O prejuízo ao metrô de Santiago supera 300 milhões de dólares e algumas estações e linhas demorarão meses para voltar a funcionar, afirmou o presidente da companhia estatal, Louis de Grange.

Aos gritos de "basta de abusos" e com o lema que dominou as redes sociais "ChileAcordou", o país enfrenta críticas a um modelo econômico em que o acesso à saúde e à educação é praticamente privado, com elevada desigualdade social, valores de pensões reduzidos e alta do preço dos serviços básicos.

Pessoas saquearam um supermercado em Puente Alto, área metropolitana de Santiago, em 20 de outubro de 2019. - Novos confrontos eclodiram na capital do Chile, Santiago, no domingo, depois que duas pessoas morreram quando um supermercado foi incendiado durante a noite, enquanto protestos violentos provocavam raiva por condições econômicas e sociais. a desigualdade atingiu o terceiro dia. (Foto de Dragomir YANKOVIC / ATON CHILE / AFP)
Pessoas saquearam um supermercado em Puente Alto, área metropolitana de Santiago, em 20 de outubro de 2019. - Novos confrontos eclodiram na capital do Chile, Santiago, no domingo, depois que duas pessoas morreram quando um supermercado foi incendiado durante a noite, enquanto protestos violentos provocavam raiva por condições econômicas e sociais. a desigualdade atingiu o terceiro dia. (Foto de Dragomir YANKOVIC / ATON CHILE / AFP)

A manifestação não tem um líder definido nem uma lista precisa de demandas. Até o momento aparece como uma crítica generalizada a um sistema econômico neoliberal que, por trás do êxito aparente dos índices macroeconômicos, esconde um profundo descontentamento social. (AFP)

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