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Meu corpo, minha casa
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Meu corpo, minha casa

Apesar dos padrões de beleza ainda impostos pela sociedade, os movimentos body positive e body neutrality trazem uma nova perspectiva para aceitação do corpo
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Sara Andreazza, nutricionista, compartilha informações sobre alimentação e defende uma relação saudável com a comida. No instagram ela é @nutrir.cma (Foto: AURELIO ALVES)
Foto: AURELIO ALVES Sara Andreazza, nutricionista, compartilha informações sobre alimentação e defende uma relação saudável com a comida. No instagram ela é @nutrir.cma

Até 2016 a futura médica Flora Mota, que está no último ano do curso, tinha um corpo considerado padrão. Mas, em um ano, engordou. "Na minha cabeça parecia que estava realmente doente, não conseguia entender o que estava acontecendo. Eu não tinha apoio emocional de outras pessoas", lembra. Foi apenas com o suporte de sua amiga Carol Zacarias que começou a aceitar a sua aparência. Agora adepta ao body positive, defende a ideia de se sentir bem com a aparência para entender que é mais.

A partir dessa amizade, começaram a discutir sobre a condição da mulher gorda em rodas de conversa. Com isso, criaram sua própria rede de apoio, que considera imprescindível para a autoestima. "Precisamos nos ver na moda, na televisão, senão vamos achar que nossos corpos não são normais", afirma. Agora, ela e as amigas trazem um discurso de amor próprio, acessibilidade, gordofobia, autocuidado e saúde para a sociedade. Em 2019 realizaram o Festival 46 com bazar, marcas, música, palestras e rodas de conversa.

Porém, para algumas pessoas, o body positive pode causar o efeito contrário. Nem todos conseguem manter um pensamento positivo e se cobram excessivamente. Assim, surgiu um novo termo: o body neutrality. Esse conceito acredita em viver sem estimular pensamentos extremos entre o positivo e o negativo acerca da imagem. "É um movimento que foca em reconhecer o que seu corpo faz, não em que aparência ele tem, buscando mudar o valor que a beleza tem na sociedade", explica a nutricionista Sara Andrezza.

Segundo ela, aderir a esse modo de viver ajudou a respeitar mais a si mesma. "É simplesmente sobre ser, sem o peso de julgamento", afirma. Agora, compreende que a vida não se resume apenas à sua fisionomia. "Acolher e entender que está tudo bem que as insatisfações existam, mas que o corpo merece cuidado, quer você goste da aparência ou não, pode ser libertador", afirma.

Apesar de nomes diferentes, o body neutrality e o body positive são versões de um mesmo objetivo que seguem por caminhos diferentes. A mudança na nomenclatura acontece para incluir as pessoas que não se sentem confortáveis em manter um olhar sempre positivo. "Como a imagem é muito fluida e instável, qualquer coisa que abale isso pode gerar um problema na autoestima. Assim acaba criando uma ansiedade porque não está sendo positiva", explica a nutricionista e idealizado do Instagram @nutri.des.construida, Pabyle Flauzino.

Essas visões da própria fisionomia, além de ajudar na autoestima, pode melhorar a relação com a comida. "Se eu entendo a alimentação como algo punitivo, que posso controlar para que eu controle meu corpo, esses movimentos me empoderam para eu não ver a comida como algo negativo", diz a profissional.

 

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