O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), gravou um vídeo de apoio à liberdade de imprensa e ao jornalista Glenn Greenwald, fundador do The Intercept Brasil. O site vem publicando desde o dia 9 de junho reportagens contendo diálogos nos quais o então juiz federal e atual ministro da Justiça Sergio Moro teria extrapolado suas atribuições como magistrado para interferir na Operação Lava Jato junto a procuradores do Ministério Público Federal.
O presidente Jair Bolsonaro fez recentemente declarações de ataque a Glenn Greenwald, mencionando que ele teria "cometido crime" e que "talvez pegue uma cana" por divulgar o conteúdo dos diálogos. A Polícia Federal prendeu, dias antes, quatro hackers acusados de invadir os telefones celulares de autoridades.
No vídeo, Maia defende a prerrogativa garantida pela Constituição a jornalistas preservarem o sigilo de suas fontes. "Passamos a viver uma grande polêmica depois da prisão do tal hacker. Sobre a questão dos dados. De quem é a responsabilidade. Tem uma questão que é a base desse debate, que é o sigilo da fonte.
CONFIRA O VÍDEO
A Associação Nacional de Jornais (ANJ) divulgou uma nota pública, nesta terça-feira (30), para condenar ações que atentam contra a liberdade de imprensa no Brasil.
"A defesa enfática da liberdade de imprensa e do sigilo da fonte é compromisso histórico da ANJ. São princípios básicos da democracia. A ANJ espera que esses princípios sejam respeitados em relação à cobertura que diferentes veículos de comunicação vêm dando a vazamentos de conversas relacionadas à Operação Lava Jato", diz a nota.
CONFIRA A NOTA DA ANJ NA ÍNTEGRA
"Quando o presidente está te ameaçando por três dias consecutivos, usando seu nome como Jair Bolsonaro está fazendo contra mim, obviamente o risco é grande de eu ser preso. Nós sabemos isso todo o tempo", afirmou Glenn durante o evento na ABI.
Em audiência ontem na Justiça Federal, o casal Gustavo Henrique Elias Santos e Suellen Priscila de Oliveira — presos na Operação Spoofing — alegou ter sofrido maus-tratos da Polícia Federal. Eles relataram agressões verbais e disseram que não tiveram direito a telefonar para o advogado. Além disso, o casal e os outros dois presos, Walter Delgatti Neto e Danilo Marques, afirmaram que viajaram algemados de São Paulo a Brasília, o que contraria regras do STF.
Após a audiência, o MPF no Distrito Federal pediu instauração de inquérito para apurar os relatos e se houve crime de abuso de autoridade. O juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10.ª Vara da Justiça Federal do Distrito Federal, negou o pedido da Procuradoria afirmando que seria "açodado" autorizar, agora, a abertura de uma investigação. (das agências)