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Senado pode votar hoje projeto que afrouxa regras para partidos
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Senado pode votar hoje projeto que afrouxa regras para partidos

Proposta de mudança no Fundo Eleitoral abre margem para aumento da quantidade de dinheiro público às legendas
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PRESIDENTE do Senado, Davi Alcolumbre definirá à tarde com as demais lideranças se a matéria entrará na pauta do Plenário (Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado)
Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado PRESIDENTE do Senado, Davi Alcolumbre definirá à tarde com as demais lideranças se a matéria entrará na pauta do Plenário

O Senado pode votar hoje um projeto de lei que afrouxa regras para partidos políticos, abrindo margem para aumentar a quantidade de dinheiro público às legendas e flexibilizando normas de prestação de contas.

A proposta foi aprovada na Câmara no último dia 4 e entrou na pauta do Senado dia 11. O presidente da Casa, Davi Alcolumbre (DEM-AP), tentou votar o texto no mesmo dia no plenário, mas cancelou após ser pressionado por um grupo de senadores contrários ao projeto.

A matéria está na pauta novamente da sessão desta terça-feira. Uma reunião de líderes partidários no meio da tarde deve definir os rumos do projeto. Se entrar diretamente no plenário, a votação vai de encontro a um acordo de Alcolumbre com líderes que prevê a análise de qualquer projeto em pelo menos uma comissão.

Plenário do Senado Federal durante sessão deliberativa ordinária. Senador Weverton (PDT-MA). Foto: Roque de Sá/Agência Senado
Plenário do Senado Federal durante sessão deliberativa ordinária. Senador Weverton (PDT-MA). Foto: Roque de Sá/Agência Senado

O relator da proposta, Weverton Rocha (PDT-MA), apresentou um parecer dando aval ao texto aprovado na Câmara e rejeitando todas as emendas no Senado. "Nosso papel, como legisladores, é o de fixar regras claras e transparentes para o processo, ao mesmo tempo em que se garanta igualdade de oportunidades aos candidatos e o fortalecimento dos partidos políticos", escreveu o senador no parecer.

O Fundo Eleitoral tem, atualmente, valor determinado por, no mínimo, 30% das emendas de bancadas estaduais, além da compensação fiscal de propaganda na TV e rádios. O texto aprovado deixa indefinido o montante das emendas que comporão esse fundo — determinado pela Lei Orçamentária Anual (LOA) —, abrindo margem para que a quantia ultrapasse os atuais 30%.

Outro ponto polêmico é a permissão para que advogados e contadores que prestam serviços a filiados sejam pagos com verba partidária. O projeto retira do limite de gastos das campanhas eleitorais esses pagamentos. Um grupo de entidades que defendem transparência partidária emitiu nota técnica avaliando que o dispositivo abre margem para práticas de caixa dois e lavagem de dinheiro.

Plenário do Senado Federal durante sessão deliberativa ordinária. Senador Roberto Rocha (PSDB-MA). Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado
Plenário do Senado Federal durante sessão deliberativa ordinária. Senador Roberto Rocha (PSDB-MA). Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado

O líder do PSDB no Senado, Roberto Rocha (MA), apresentou uma emenda para alterar o trecho, retirando os processos que podem acarretar inelegibilidade da possibilidade de pagamento com a verba pública. "Acho que, com essa emenda, resolve o problema e tiramos a infecção que estava gerando essa febre. Não tem porque não aprovar", disse o senador, em referência à polêmica em torno do projeto.

Outro ponto do projeto permite que o partido político apresente a prestação de contas por meio de qualquer sistema de contabilidade disponível no mercado. A permissão afrouxa a legislação atual, que exige as informações padronizadas em um sistema de prestação de contas do TSE. 

Para Fux, mudanças no Fundo Eleitoral não podem ir contra a sociedade

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e ex-presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Luiz Fux, disse ontem, que o projeto de lei (PL 5.029/2019), que muda as regras do Fundo Eleitoral, pautado para ser votado no plenário do Senado, não pode ir contra o posicionamento da sociedade brasileira, que exige a transparência nesses processos.

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux palestrou na IV edição do Seminário Jurídico CBIC: construindo o direito
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux palestrou na IV edição do Seminário Jurídico CBIC: construindo o direito

“A era hoje é a era da transparência”, disse Fux, após participar do 1º Congresso Internacional de Direito Processual Civil da Escola Superior de Advocacia Pública (ESAP), da Procuradoria-Geral do Estado do Rio de Janeiro (PGE-RJ).

A proposta aumenta o valor a ser repassado para os partidos políticos, autoriza a contratação de advogados e contadores, reduz o valor a ser bloqueado pela Justiça Eleitoral para o acerto de multas e libera o uso desse dinheiro para o pagamento de sanções, juros, compra ou aluguel de imóveis e de impulsionamento de conteúdo na internet.

“Com o dinheiro público, o segredo não pode ser a alma do negócio”, disse, acrescentando que a transparência é uma exigência da sociedade em relação a todos aqueles que lidam com o dinheiro público. “Entendo que se essa lei representar um grave retrocesso, ela vai passar por um crivo bem rigoroso de constitucionalidade”.

O ministro disse não ter a menor dúvida que a lei vai ser questionada no Supremo se for sancionada. “Será judicializada, inclusive pelas críticas que já vêm surgindo em relação a ela, no sentido de que é um grande retrocesso em relação a tudo que já se conquistou em termos de moralidade das eleições”.

Indagado se via retrocesso na questão da lei eleitoral, Luiz Fux explicou que e a lei ainda não chegou ao mundo jurídico. “Ela está sendo votada, mas entendo que eles (parlamentares) devem ter uma preocupação com esse princípio constitucional maior, que é o princípio da moralidade do pleito eleitoral”. (das agências)

FUX

O ministro do STF e ex-presidente do TSE, Luiz Fux, disse que o projeto que muda as regras do Fundo Eleitoral não pode ir contra o posicionamento da sociedade brasileira, que exige a transparência nesses processos.

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