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Previdência protagoniza debate na AL-CE; PT vai tentar mudanças no texto
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Previdência protagoniza debate na AL-CE; PT vai tentar mudanças no texto

Obrigação de reformar para assegurar repasses federais e chance de desgaste político entram na equação dos deputados
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 CPI  pode ser instalada na para investigar atuação de associações de PMs durante o motim de 2020
 (Foto: Junior Pio / AL-CE Divulgação)
Foto: Junior Pio / AL-CE Divulgação  CPI pode ser instalada na para investigar atuação de associações de PMs durante o motim de 2020

As duas propostas que pretendem reformar a Previdência estadual protagonizaram o debate no plenário da Assembleia Legislativa do Ceará (AL-CE) entre os poucos deputados que lá estiveram. Opositores ao governador Camilo Santana apontam contradição entre a posição do PT no Congresso — de oposição veemente ao texto apresentado pelo Planalto — e as medidas enviadas à Casa, que deram entrada nessa terça-feira, 11.

Uma das alegações é de que o prazo para tramitação e aprovação, tudo pretendido para dezembro, não é compatível com a delicadeza da matéria, que demanda tempo e discussão extensa. Assinado pelo secretário especial de Previdência, Rogério Marinho, o texto estipula que estados e municípios deverão fazer as reformas até julho de 2020.

 Governistas, por sua vez, sustentam que portaria publicada pelo Governo Federal obrigou a apresentação da proposta, argumento usado pelo próprio Camilo. Sem o Certificado de Regularidade Previdenciária (CRP), a pena ao ente federativo é de perder possibilidade de contrair empréstimos e, até mesmo, repasses voluntários da União.

O líder do governo na Casa, Júlio César Filho (Cidadania), avalia que os textos darão entrada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) até o dia 23. O Regimento Interno reza que as propostas têm dez dias para entrar na CCJ.

JÚLIO César Filho minimiza os choques na base de Camilo
JÚLIO César Filho minimiza os choques na base de Camilo

"Se ninguém pedir vista dos líderes, a gente pode apreciar até o dia 24 (em plenário) ou, se houver entendimento dos líderes, a gente voltar depois do Natal para votar dia 26 no plenário ou dia 27", projeta Júlio César. Em tese, parlamentares entrariam de recesso a partir do dia 21 de dezembro.

O líder do PT na Assembleia, Elmano de Freitas, afirmou que a orientação à bancada é "provocar audiência pública, ouvir os servidores e lutar para negociar mudanças na mensagem." Questionado especificamente sobre que mudanças serão essas, ele respondeu: "estamos analisando a matéria e queremos ouvir as categorias para uma mediação."

Do restante da bancada do PT — Acrísio Sena, Fernando Santana e Moisés Braz — não houve manifestações sobre o assunto em plenário.

Na tribuna, os deputados Heitor Férrer (SD) e Renato Roseno (Psol) criticaram o texto. Na visão de Roseno, é evidente que a discussão do tema se acelera em razão do desgaste político de se votar proposta polêmica em ano eleitoral, como 2020.

Deputado Renato Roseno (Psol)
Deputado Renato Roseno (Psol)

"São dias difíceis de mobilizar, os últimos dias de dezembro, e porque 2020, obviamente, a sua base sofreria desgaste muito grande em razão da possibilidade da eleição."

Exaltado durante discussão com Roseno, Tin Gomes (PDT) defendeu que o que faz o debate correr é a relevância do assunto, caso deste, segundo ele, e não eventuais danos eleitorais. "O fato de tirar dos parlamentares sete dias de recesso não vai matar ninguém, já por conta da importância da matéria, da necessidade de ser aprovada o mais rápido possível, para a gente poder ter nosso direito de repasses assegurados."

Férrer argumenta que a melhor alternativa seria aguardar a aprovação da PEC Paralela, sob relatoria do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE). O tucano já se manifestou partidário da inclusão de estados e municípios já no plano federal, sem que assembleias e câmaras municipais se debruçassem sobre o assunto. "O Congresso passou quase um ano debatendo a Previdência, só aprovou quase um ano depois de se iniciar (a tramitação), aqui, a intenção do Governo é de liquidar essa fatura em 15 dias? Porque pega final de ano, festas natalinas e o desgaste fica pouco evidente", adiciona.

Policiais civis e outras representações se mobilizam

Presidente do Sindicato dos Policiais Civis de Carreira do Ceará (Sinpol/CE), o suplente de deputado Tony Brito (Pros) esteve no gabinete do líder do governo para encaminhar demandas da categoria. O acompanhou o atual mandatário da Associação dos Delegados de Polícia Civil do Ceará (Adepol-CE), Milton Castelo. "Não justifica eles terem um direito previdenciário melhor do que o nosso", disse Brito sobre a PM-CE. Militares estarão sob o regime aprovado nas casas legislativas de Brasília. "As policias civis foram esquecidas." Também marcaram reunião com César Filho representantes do Sindicato dos Fazendários do Ceará (Sintaf-CE).

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Proposta

A proposta altera a idade mínima de 60 para 65 anos, no caso masculino, e de 55 para 62 no caso das mulheres. Uma audiência pública será realizada na próxima segunda-feira, 16, às 14 horas, AL-CE, para discutir o tema.

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