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Bolsonaro muda o tom, volta a citar OMS e é alvo de panelaços
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Bolsonaro muda o tom, volta a citar OMS e é alvo de panelaços

Presidente faz pronunciamento com tom mais brando em rede nacional, falando que a preocupação dele sempre foi "salvar vidas", mas não escapa de protestos com o bater de panelas em várias capitais
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PRONUNCIAMENTO de ontem foi o 4º desde o início da crise em decorrência do novo coronavírus (Foto: Isac Nóbrega/Presidência da República)
Foto: Isac Nóbrega/Presidência da República PRONUNCIAMENTO de ontem foi o 4º desde o início da crise em decorrência do novo coronavírus

O presidente Jair Bolsonaro fez ontem novo pronunciamento em cadeia nacional de rádio e TV e disse que o efeito colateral do coronavírus não pode ser pior do que a própria doença. O discurso do presidente foi acompanhado por panelaços em todo o País. Uma semana após ter tratado a pandemia como uma "gripezinha", Bolsonaro distorceu uma declaração do diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, para defender o fim da quarentena e dizer que está certo na condução da crise.

Sob pressão dos ministros mais próximos, Bolsonaro baixou o tom e pôs a preocupação com a "vida" no mesmo patamar que o "emprego". Pediu, ainda, união do Parlamento, Judiciário, governadores e prefeitos para enfrentar a pandemia.

"Temos uma missão: salvar vidas sem deixar para trás os empregos. Por um lado, temos que ter cautela com todos, principalmente os mais velhos. Por outro, temos que combater desemprego que cresce rapidamente. Vamos cumprir esta missão ao mesmo tempo em que cuidamos da saúde das pessoas", afirmou o presidente. "Infelizmente, teremos perdas neste caminho."

Ao longo do dia, Bolsonaro já havia recorrido a declarações do diretor da OMS. Ao defender o retorno ao trabalho, argumentou que Tedros também tinha tomado essa direção, mas acabou desmentido horas depois.

"Vocês viram o presidente (sic) da OMS ontem?", perguntou Bolsonaro a jornalistas. "O que ele disse, praticamente... Em especial, com os informais, tem que trabalhar. O discurso de Tedros ao qual Bolsonaro se referiu destacava que cada país é diferente e pregava proteção econômica aos mais necessitados. O chefe da OMS, que nasceu na Etiópia, pregou solidariedade e afirmou que as ações governamentais devem considerar as pessoas mais vulneráveis "porque todo indivíduo importa". Ele voltaria a citar Tedros no pronunciamento, à noite.

Diante da polêmica, Tedros postou uma mensagem ontem nas redes sociais dizendo que em nenhum momento se posicionou contra medidas de isolamento. "Pessoas sem fonte de renda regular ou sem qualquer reserva financeira merecem políticas sociais que garantam a dignidade e permitam que elas cumpram as medidas de saúde pública para a Covid-19 recomendadas pelas autoridades nacionais de saúde e pela OMS", escreveu.

Durante o discurso na noite de ontem, Bolsonaro foi mais uma vez alvo de manifestações em vários locais do País. Relatos apontam que em diversas capitais foi a manifestação mais forte até o momento, desde o primeiro pronunciamento. Em Fortaleza, houve protestos em pelo menos 14 bairros.

Houve relatos de protestos em Aldeota, Bairro de Fátima, Benfica, Cambeba, Cidade 2000, Cocó, Dionísio Torres, Maraponga, Messejana, Monte Castelo, Montese, Papicu, Praia de Iracema e Praia do Futuro.

No Benfica, houve projeções contra o presidente no telhado da Casa Amarela Eusélio Oliveira, prédio da Universidade Federal do Ceará (UFC). A projeção foi feita por manifestantes de um edifício vizinho. (com agências. Colaborou Bemfica de Oliva/especial para O POVO)

 

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