Líder da oposição ao presidente Jair Bolsonaro na Câmara dos Deputados, o cearense André Figueiredo (PDT) aposta que a tese do impeachment começará a ganhar corpo nas casas legislativas de Brasília ainda neste ano. Até setembro, segundo ele projeta, uma comissão especial de impedimento poderá ser instaurada para dar início às discussões.
Embora a gaveta de Rodrigo Maia (DEM-RJ) esteja repleta de pedidos de deposição do presidente - entre eles um de autoria do PDT -, Figueiredo entende que o momento agora não é propício para que se dobre a pressão em cima do presidente da Câmara dos Deputados.
"Não estamos pressionando agora porque acreditamos, realmente, que não é o momento adequado, porque o enfrentamento tem que ser dado presencialmente, depois de passada essa pandemia", respondeu o pedetista ao editor de Política e colunista do O POVO, Guálter George, durante live transmitida ontem nas redes sociais.
"Nesse momento é preciso que nós tenhamos serenidade, precisamos fazer a articulação certa no momento correto. E também, volto a dizer, contabilizando os votos", afirma.
Na tentativa de impedir qualquer margem para o impedimento e de consolidar uma base de apoio, o presidente se movimenta há semanas em direção a partidos do intitulado Centrão, um bloco composto por mais de 200 deputados dos 513. As tratativas envolvem apoio no Congresso em troca da alocação de aliados dos políticos em cargos federais.
Esse grupo está diretamente envolvido na equação do impeachment, já que são necessários 342 votos para que o processo, se aberto, possa avançar da Câmara ao Senado. Indagado, ele diz não acreditar no "namoro" entre o presidente com o grupo de partidos.
A avaliação de Figueiredo é de que a base ideológica influenciada pelo autointitulado filósofo Olavo de Carvalho entrará em rota de colisão com o pragmatismo que caracteriza as legendas. Partidos que não têm alinhamento automático com o governo, mas podem aderir em troca de espaços de poder na estrutura federal.
Na atribuição de presidente do PDT no Ceará, Figueiredo também se debruçou sobre assuntos locais, como a ação movida pelo partido contra o deputado estadual André Fernandes (PSL) na Assembleia Legislativa do Ceará (AL-CE). Nos últimos dias, o parlamentar bolsonarista acusou o titular da Secretaria de Saúde do Ceará, Dr. Cabeto, de ordenar o falseamento de atestados de óbito para hiperdimensionar número de mortes pela Covid-19 no Estado.
No contexto de uma troca de farpas online com o colega de Parlamento, Osmar Baquit (PDT), Fernandes o acusou de pertencer a grupo criminoso, assim como fez com Nezinho Farias (PDT). Pela reincidência dos comportamentos, Figueiredo entende que Fernandes deve ter mandato cassado. (Carlos Holanda)