Por Fernando Graziani

Com mais de 60 mil mortes em função do novo coronavírus, o Brasil resolveu ignorar a pandemia, ainda que os registros de contágio sigam assustando. Até os governantes que começaram com medidas restritivas relevantes - apesar de não terem implementado o necessário e precoce lockdown - já flexibilizaram a maioria das atividades e o que vimos é a sociedade assumindo a Covid-19 como uma causa de morte habitual e não como algo avassalador e que merecia todos os cuidados possíveis e responsáveis, com orientação correta e comportamento social adequado.

Contra a volta dos jogos, infectologista vê péssimo exemplo do futebol

O cenário já está naturalizado e a vida precária segue em um país onde ignorância, maldade, omissão da maior parte dos poderes em todas as esferas e falta de estrutura histórica convivem maravilhosamente bem, criando todas as condições para a proliferação da doença.

O futebol, assim como todas as outras atividades já liberadas, faz parte da economia. É uma indústria relevante que gera no Brasil 370 mil empregos - isso porque ainda é muito mal explorada do ponto de vista profissional - dados do professor e advogado Pedro Trengrouse, coordenador acadêmico do Programa Executivo FGV/Fifa/Cies em Gestão de Esportes.

Com tamanha importância, nenhum argumento é sólido o suficiente para justificar que apenas o esporte siga com seus campeonatos parados, nem a explicação pedagógica para dar exemplo. Para além disso, os clubes têm agido justamente como as cidades brasileiras deveriam ter agido desde fevereiro, ou seja, testando todo mundo (no caso atletas e funcionários), colocando em quarentena quem estiver infectado.

Diante do cenário e de todos os riscos postos, um jogo de futebol se torna um ambiente bem mais controlado do que um shopping, um supermercado ou uma rua com grande apelo comercial, onde circulam pessoas sem nenhuma restrição.

O que pensam os jogadores do retorno do futebol em plena pandemia