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Procurador dá 10 dias para governo Bolsonaro explicar monitoramento de opositores
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Procurador dá 10 dias para governo Bolsonaro explicar monitoramento de opositores

Secretaria deverá falar sobre produção de relatórios contra servidores federais, estaduais e professores identificados como integrantes de 'movimentos antifascistas'
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PRESIDENTE Jair Bolsonaro cria nova polêmica (Foto: Isac Nóbrega/Presidência da República)
Foto: Isac Nóbrega/Presidência da República PRESIDENTE Jair Bolsonaro cria nova polêmica

O procurador regional dos Direitos do Cidadão Enrico Rodrigues de Freitas oficiou a Secretaria de Operações Integradas (Seopi), do Ministério da Justiça e Segurança Pública, para que, em até dez dias, preste informações sobre a ação do órgão de investigar e produzir relatórios sigilosos a respeito de opositores políticos do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Entre esses, um dossiê contra 579 servidores federais e estaduais da área de segurança e professores identificados como integrantes do "movimento antifascismo".

O relatório de inteligência sigiloso foi revelado pelo jornalista Rubens Valente, do portal UOL. Na lista de investigados, cuja existência foi confirmada pela reportagem, constam servidores da área da segurança, como policiais, e da docência de todas as regiões do País.

O pedido de informações foi feito após o procurador instaurar notícia de fato para buscar informações preliminares sobre ação da Seopi. O órgão foi criado na gestão do ex-juiz Sergio Moro com a missão de integrar operações policiais contra o crime organizado redes de pedofilia, homicidas e crimes cibernéticos. No entanto, as atribuições do órgão passaram por mudanças após a nomeação de André Mendonça como ministro da Justiça, no dia 28 de abril deste ano.

Depois de tomar posse, o ex-AGU nomeou um delegado da Polícia Civil do Distrito Federal para comandar a secretaria e, cerca de um mês depois, teria solicitado uma investigação completa de movimentos que poderiam colocar em risco a "estabilidade política do atual governo".

Em nota, a Procuradoria indicou que o procedimento busca verificar "a existência de elementos que indiquem uma atuação estatal de eventual cerceamento ou limitação da livre expressão do pensamento de cidadãos e profissionais", por meio do dossiê elaborado pela Seopi.

No ofício enviado ao órgão, o procurador pede informações sobre o monitoramento dos opositores do Bolsonaro: sua base legal; o objeto do relatório de inteligência e motivação de sua instauração; fato originador do relatório de inteligência; informação sobre a sua difusão; indicação de órgãos; autoridades e pessoas que tiveram acesso ao relatório de inteligência; e decretação de sigilo do referido relatório.

A Rede Sustentabilidade levou o dossiê contra os servidores identificados como integrantes do "movimento antifascismo" ao Supremo Tribunal Federal (STF). A legenda pediu que a Corte determine a abertura de inquérito na Polícia Federal para investigação do caso.

"O que se vê é um aparelhamento estatal em prol de perseguições políticas e ideológicas a partir de uma bússola cujo Norte é o governante de plantão: quem dele discorda merece ser secretamente investigado e ter sua imagem exposta em dossiês 'da vergonha' perante suas instituições laborais", apontou o partido no pedido ao Supremo. Agência Estado)

 

Nota

O Ministério da Justiça informou à reportagem que a atividade de Inteligência de Segurança Pública é realizada por meio do exercício "permanente e sistemático de ações especializadas". Segundo a assessoria da pasta, o objetivo das ações é "identificar, avaliar e acompanhar ameaças potenciais ou reais".

"O objetivo é subsidiar decisões que visem a ações de prevenção, neutralização e repressão de atos criminosos de qualquer natureza que atentem contra a ordem pública, a incolumidade das pessoas e o patrimônio", diz, em nota, o Ministério da Justiça.

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