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Aprovação em alta e aliança com centrão indicam estratégia de Bolsonaro
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Aprovação em alta e aliança com centrão indicam estratégia de Bolsonaro

| Datafolha | Pesquisa positiva para o presidente acontece em meio à aproximação do governo com o centrão e à continuidade do auxílio emergencial
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PRESIDENTE atingiu maior aprovação em 20 meses de governo (Foto: Isac Nobrega/Presidência da República)
Foto: Isac Nobrega/Presidência da República PRESIDENTE atingiu maior aprovação em 20 meses de governo

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) atingiu o maior índice de aprovação desde sua posse. É o que aponta a pesquisa Datafolha divulgada ontem. Os números são positivos para o Planalto, apesar do Brasil ter chegado ontem mesmo a 106.523 mortes registradas pela Covid-19 e ocupar a segunda colocação do ranking mundial do número absoluto de óbitos em razão da doença.

Segundo o Datafolha, 37% dos brasileiros consideram o governo Bolsonaro ótimo ou bom, ante 32% que o achavam na pesquisa anterior, feita em 23 e 24 de junho. O instituto entrevistou por telefone 2.065 pessoas nos dias 11 e 12 de agosto. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais, para mais ou menos.

Para cientista político, Ricardo Muse, a aprovação deve-se, primeiro, à "entrega de poder" do governo às pautas de políticos do centrão, estratégia recorrente desde o avanço das investigações em curso nos órgãos de Justiça contra aliados do presidente.

"Isso ocorre desde junho quando surgiram as denúncias contra o presidente. Foi divulgado um vídeo da reunião ministerial e surgiu um cerco em relação ao inquérito das Fake News no STF, TSE, e na CPI da Câmara. Ele está buscando não ser vítima de um impeachment, então todos os gestos dele são nessa direção" avalia.

Para Muse, outro ponto que interfere diretamente nos resultados da pesquisa é a continuidade do auxílio emergencial. "Esse recurso está sendo muito importante para os trabalhadores do setor informal, está atingindo a maioria da população e isso é um reforço para a pauta econômica. Uma das causas de rejeição do governo, geralmente, é a área econômica e o auxílio mitiga isso", avalia.

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Segundo o Datafolha, a solicitação do auxílio chega a 40% na população como um todo, taxa que alcança 75% entre desempregados que procuram trabalho, 71% entre assalariados sem registro e 61% entre autônomos e profissionais liberais, grupos em que são identificadas as maiores variações pró-governo. Entre os que hoje estão sem ocupação, por exemplo, a reprovação caiu 9 pontos percentuais, e o apoio subiu 12.

A nomeação de Ricardo Barros para líder do governo na Câmara dos Deputados, segundo Muse, e a tentativa de amenizar a impopularidade do presidente no Parlamento também é uma das estratégias. "O Bolsonaro está cedendo poder. Ele não está mais governando apenas para aquele setor de extrema-direita, mas procurou concentrar e fazer um governo com a moderação que o Centro estava pedindo desde o início", afirma, ao avaliar mudanças no perfil de governo.

A cientista política, Monalisa Torres, atenta para uma acomodação do presidente em relação às ideologias de extrema-direita antes defendidas. "O Datafolha também mostra a imagem que ele está mais acomodado ao sistema, menos conflitivo, e isso tem a ver com as alianças que vem construindo", afirma.

O encontro da última quarta-feira, 12, entre Bolsonaro e os presidente da Câmara e Senado Federal, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Davi Alcolumbre (DEM-AM) sinalizou, segundo a cientista, "uma trégua mais aprofundada".

 

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