O prefeito de Fortaleza Roberto Cláudio (PDT) e o governador do Ceará Camilo Santana (PT) têm reforçado a agenda conjunta. Na última semana, estiveram lado a lado em quatro dias para entregar obras ou equipamentos, de modo a ressaltar a importância da integração entre as administrações estadual e municipal.
Prioritariamente institucionais, esses compromissos também têm impacto na arena política, sobretudo no período eleitoral. É comum que o atual prefeito da Capital ressalte nas falas públicas o quão positivo é, em termos de otimização de tempo e entrega de resultados, o trabalho em conjunto com o governador.
A estratégia contempla obviamente o candidato de situação Sarto (PDT), agora representado pelo candidato José Sarto (PDT). Antes da escolha, porém, o discurso já era utilizado como vantagem em relação aos demais interessados na disputa.
Durante entrega de obra de asfalto no Barroso, na última quinta-feira, 17, Roberto Cláudio sublinhou a importância da ação entre Prefeitura e Governo para "a gente fazer de forma complementar, integrada e para quem mais precisa."
O primeiro turno da campanha certamente afastará Camilo do prefeito. Por mais que nos bastidores demonstre vontade de abraçar a candidatura pedetista, assim como quis em 2016, o governador é filiado ao PT de Luizianne Lins, candidata ao Paço pela quarta vez e opositora dos Ferreira Gomes.
Em configurações como essa, o petista tende a escolher posição de neutralidade durante a primeira etapa da disputa. Mas, se aproximará institucionalmente de RC por meio da parceria Juntos por Fortaleza, nome dado às ações conjuntas dos dois governos. É um combustível para o discurso pedetista de implementação de políticas públicas pactuadas entre governos.
Opositor do clã pedetista na Capital, Capitão Wagner (Pros) afirma que se esse for um trunfo argumentativo durante a disputa, o bom trânsito pelos ministérios do governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) será uma das respostas.
"Nenhum dos outros candidatos têm relação com o Governo Federal, que é o principal financiador da saúde do município. Tenho excelente relação com os ministérios, com o governo", ele afirmou. No campo local, considerou que nem sempre a proximidade resulta em avanços, no aspecto em que a falta de competição acomodou os adversários, ele entende.
Ele lembrou o então governador do Estado Tasso Jereissati (PSDB) e o à época prefeito de Fortaleza Juraci Magalhães (PMDB) como exemplos de que a divergência é politicamente motivadora. "O Juraci abria uma grande avenida, o Tasso ia e abria outra. Se a relação de opositores tem respeito, quem acaba ganhando é a sociedade cearense", defendeu.
"No que tange às questões que envolvem Prefeitura e o Governo, não vou me furtar de ajudar", emendou Wagner, considerando a hipótese de vitória ante os outros nove candidatos.
O PT de Luizianne Lins, por sua vez, evita criar atritos com o governador Camilo Santana (PT). Há um entendimento costurado por Camilo de que a ex-prefeita e, pelo PDT, o atual presidente da Assembleia Legislativa devem centrar as atenções no perigo que a candidatura do policial da reserva representaria, na visão deles, pelo conservadorismo e a relação com o governo de Bolsonaro.
O quase "cessar fogo" visa também a preservação das relações entre PT e PDT para coalização de forças no eventual segundo turno de disputa contra Wagner.