O senador Eduardo Girão (Podemos-CE) negou ao O POVO pertencer hoje ao bloco de apoio a Jair Bolsonaro no Congresso. Questionando reportagem do jornal publicada no último fim de semana, que o elencava como um senador governista, Girão destacou possuir postura de total independência com relação ao Planalto.
Declarando voto em Bolsonaro às vésperas do 1º turno de 2018, o senador cearense se aproximou da base governista nas últimas semanas, após apresentar requerimento para incluir prefeitos e governadores nas investigações da CPI da Covid. Apesar da proposta, que vai ao interesse do governo, Girão destaca que segue independente ao governo.
“Nossa independência com os governos federal, estadual e municipal é clara com as atitudes, com os posicionamentos. O que é ser governista? É ter cargo federal? Eu não tenho nenhum. É receber emendas parlamentares extras? Eu não recebo, só as constitucionais. É votar tudo com o governo? Minha postura não é essa”, diz.
Ele destaca, por exemplo, que é contrário a projetos de liberação de vendas de armas de fogo – “uma das principais bandeiras de Jair Bolsonaro” – e que foi um dos dois únicos senadores que se manifestaram publicamente contra a indicação de Kassio Nunes Marques para o Supremo Tribunal Federal (STF) em sabatina no Senado.
“Tenho posição alinhada em algumas pautas, como a questão da defesa da vida desde a concepção, contra a liberação das drogas, na defesa de um Estado mais enxuto, menos burocrático. São certas situações que são normais na política. Agora, minha independência é clara. Não tenho nenhum cargo, elogio quando tem que elogiar, mas critico também”.
Apesar das divergências, o senador tem seguido rota muito pouco crítica com relação à resposta de Bolsonaro na pandemia. Em fevereiro, no auge da crise da segunda onda e menos de um mês antes da demissão de Eduardo Pazuello da Saúde, Girão aproveitou visita do então ministro ao Senado para fazer uma série de elogios a Pazuello.
Na ocasião, o senador também criticou uma politização que, segundo ele, estaria ocorrendo em “ambos os lados” com relação à pandemia, mas defendeu o “tratamento precoce”, polêmica tese de bolsonaristas que envolve o uso de medicamentos sem eficácia científica comprovada especificamente contra a Covid-19.