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Prefeito de Juazeiro do Norte enfrenta três CPIs e um processo de cassação
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Prefeito de Juazeiro do Norte enfrenta três CPIs e um processo de cassação

Denúncias contra Glêdson Bezerra vão desde nepotismo a contratações irregulares e até "fura-filas" na vacinação contra Covid-19 no município
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Glêdson Bezerra é inspetor da Polícia Civil (Foto: Reprodução/Instagram do candidato)
Foto: Reprodução/Instagram do candidato Glêdson Bezerra é inspetor da Polícia Civil

No cargo há apenas quatro meses, o prefeito de Juazeiro do Norte, Glêdson Bezerra (Podemos), já é alvo de três Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) e um processo de cassação no Legislativo. Ações envolvem acusações diversas, desde nepotismo, contratações irregulares a até “fura-filas” na vacinação contra Covid-19.

A CPI mais recente foi instalada na última terça-feira, 27, e busca apurar contratos temporários em diversas secretarias da Prefeitura. Segundo vereadores da oposição, a gestão teria realizado diversas contratações sem seleção pública, que teriam indícios de favorecimento para parentes do prefeito e de secretários da gestão.

Outras duas CPIs foram instaladas logo no início dos trabalhos da atual legislatura. Uma delas apura a existência de casos de nepotismo na administração municipal, enquanto a outra investiga se integrantes da gestão que teriam “furado” fila da vacinação no município, inclusive o atual vice-prefeito de Juazeiro do Norte, Giovanni Sampaio (PSD).

Além das três CPIs, Glêdson também é alvo de um processo de cassação por supostas contratações irregulares para o núcleo gestor de escolas do município. A ação, aberta logo na primeira sessão da Câmara Municipal deste ano, foi suspensa pela Justiça após sorteio da urna da Câmara indicar três vereadores do mesmo partido, o PTB do ex-prefeito e opositor Arnon Bezerra, para a comissão que analisa o caso.

Em vídeo enviado ao O POVO, Glêdson Bezerra classificou o movimento como “natural do Legislativo”, mas apontou aspecto “político” das denúncias. “A Câmara dos vereadores é uma casa política e, naturalmente, eles são movidos por emoções. Nós temos divergências claras com alguns parlamentares e, por conta disso, resolveram abrir três CPIs”.

Eleito pela oposição ao então prefeito Arnon Bezerra em 2020, Glêdson de fato possui base diminuta no Legislativo. Na eleição, coligação dele elegeu apenas dois dos 21 parlamentares, com vereadores ligados ao candidato derrotado mantendo maioria. Para a confirmação de CPIs, são exigidas apenas as assinaturas de um terço dos vereadores.

Glêdson Bezerra também rebate as acusações, se dizendo “tranquilo” com o cumprimento da lei nos casos. “Quando eles falam em CPI para contratos temporários, vale salientar que eu, como vereador, passei mais de dois anos pedindo informações sobre os funcionários contratados da Prefeitura e salários. Hoje, todo cidadão pode acompanhar isso na Internet”.

Autor de um dos pedidos de CPI, o vereador Capitão Vieira (PTB) rebateu na Câmara a tese de "uso político" das denúncias. "Várias vezes eu vi o senhor (Gledson) fazendo denúncias aqui à gestão de José Arnon. E por que agora eu não posso fazer denúncias contra a gestão do senhor? Porque eu quero alguma coisa? Quero não. Se eu pedir algo a Vossa Excelência ou algum secretário que seja de cunho pessoal, podem me denunciar”.

Os opositores destacam ainda que parte das denúncias tem recebido pareceres e decisões favoráveis no Tribunal de Contas do Estado (TCE). A situação política do município se acirrou sobretudo na última semana, após o prefeito dizer, em entrevista a uma rádio local, que iria acionar parlamentares fazendo “acusações e ilações falsas” na Justiça.

“Eu queria era ser ouvido algum dia pelo Ministério Público, para eu transmitir tudo o que chega para mim através de áudios, fotos e imagens, para que eles possam investigar”, disse Vieira, durante sessão plenária da Casa.

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