Camilo Santana (PT) aparece em situação confortável em termos de aceitação popular, indicam dados de uma pesquisa do Atlas Político feita só com cearenses a pedido do jornal Valor Econômico. O levantamento publicado nessa segunda-feira, 24, mostra a imagem do governador do Ceará superior à do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e do ex-ministro Ciro Gomes (PDT).
A gestão estadual aparece aprovada por 60,3% dos cearenses entrevistados. A condição positiva para Camilo se reafirma dentro de um ambiente inicial de acordos eleitorais comumente complexos para o governismo cearense, por envolver os interesses nem sempre convergentes de PT e PDT, os dois principais partidos da aliança de Camilo.
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Em eleições nacionais como as de 2022, a montagem de palanques pelos estados têm função múltipla: apoiar a candidatura à Presidência, aos governos estaduais e ao Senado Federal. Lula quer à disposição de si o maior número possível de palanques sobre os quais possa pavimentar caminho de volta a Brasília. Tem feito inúmeras conversas para atrair o apoio de siglas mais pragmáticas que ideológicas, como PP e PSD.
Ciro Gomes aparece atrás de Lula na pesquisa e tecnicamente empatado com Bolsonaro. Ele trabalha para que o concorrente a suceder Camilo no Palácio da Abolição seja do PDT ou de outro partido aliado a ele na corrida presidencial. Esse nome naturalmente deve apoiá-lo na corrida ao Planalto.
Nos bastidores, considera-se pouco provável que o ex-prefeito Roberto Cláudio (PDT), favorito a concorrer, reproduza a neutralidade vista em Camilo quando petistas e pedetistas medem forças.
Por outro lado, há o entendimento de que a disputa nacional - ainda que acirrada, com Ciro avançando na retórica antilulista - tem de passar ao largo das articulações locais, simplificando-as. O senador Cid Gomes (PDT) é defensor dessa tese.
Presidente do PDT no Ceará, André Figueiredo sublinhou que o que está em jogo é a continuidade de “um projeto exitoso”, iniciado por Cid em 2006 e continuado por Camilo. Assim, ele diz, “é imprescindível para Ceará” a manutenção da união, dentro da qual ele insere Camilo como candidato natural ao Senado. Seria o formato mais forte para derrotar o "bolsonarismo no Ceará", afirma o trabalhista.
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Questionado se as críticas de Ciro a Lula interferirão no plano local, o deputado federal José Guimarães, principal articulador político do PT no Estado, afirmou que a manutenção da coalizão estadual “está em aberto”.
Mas comemorou os bons resultados de Lula e Camilo, definindo-os como uma demonstração de reconhecimento aos anos de Lula na Presidência e à gestão estadual petista.
Já Figueiredo lembrou que Ciro foi o preferido dos cearenses em 1998, 2002 e 2018 - 34,24%, 44,53% e 40,95% respectivamente - quando as urnas foram apuradas.
Protagonista da oposição no Ceará ao lado de Capitão Wagner (Pros), o senador Eduardo Girão (Podemos) incialmente observou que é constrangedor falar em eleições durante a pandemia de Covid-19, mas afirmou que ele e Wagner são exemplos de que esses levantamentos merecem desconfiança.
“Tem outro componente importante que certamente interfere em uma pesquisa de popularidade, quando um governo gasta demais em publicidade mesmo diante de uma pandemia”, ele criticou. A assessoria de Wagner não respondeu mensagens do O POVO.