Em entrevista na estreia do programa Jogo Político, do O POVO, Flávio Dino (PCdoB) afirmou discordar da estratégia que Ciro Gomes (PDT) trilha na pré-campanha presidencial, de crescentes críticas ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O pré-candidato à Presidência pelo PDT também tem batido no presidente Jair Bolsonaro (sem partido), como que para abrir um flanco de crescimento por entre um concorrente e outro, cativando o eleitorado que rejeita os dois principais pré-candidatos de acordo com pesquisas que retratam o momento.
O governador do Maranhão avaliou como positiva a ideia de superação da experiência do lulismo - "da qual ele (Ciro) fez parte" -, mas discordou de que esse caminho deva ser construído por meio de ataques.
Segundo Dino disse ao apresentador Ítalo Coriolano e aos entrevistadores Tânia Alves e Henrique Araújo, ambos colunistas do O POVO Mais, não cai bem o figurino de centrista com o qual aparentemente se reveste o ex-ministro da Integração Nacional.
"Eu particularmente não seguiria por esse caminho, mas quem sou eu para poder dar conselho ao Ciro, que tem muito mais experiência do que eu. Eu não faria essa movimentação que ele aparentemente está fazendo, mas é um direito dele fazer", ponderou o maranhense, que na entrevista chamou o pedetista de "querido amigo".
Dino caracterizou como "uma tragédia" a possibilidade de mais quatro anos de Bolsonaro na Presidência. Mas projetou que os indícios que estão postos levam à conclusão de que a presença do atual presidente no segundo turno da disputa é factível.
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É o motivo pelo qual ele disse que deseja e trabalha pela união do máximo de políticos democratas do País, da direita à esquerda.
"Estarei em campo muito firmemente para que um candidato do campo democrático, se for possível um candidato do campo progressista, mais à esquerda, seja vencedor na eleição de 2022", afirmou.
Ele citou Rodrigo Maia, recém-expulso do DEM, como exemplo de quadro político à direita com quem a conversa é possível. A mesa de negociações eleitorais deve ser ampla, inclusive com a presença do PDT de Ciro, ele disse.
Dino recordou 1989, ano da primeira eleição direta para presidente após a Ditadura Militar (1964-1985), de modo a destacar que os constantes entreveros entre Lula e Leonel Brizola, símbolo máximo da história do PDT, não impediram que o pedetista apoiasse o petista na fase seguinte da disputa, contra Fernando Collor de Mello.
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Se Brizola apoiou Lula contra Collor, disse Dino, "às vezes uma fricção, uma contenda, uma palavra mais dura acaba se diluindo no tempo. Eu, particularmente, considero que o Ciro compõe mais o nosso campo daqui, o campo progressista."
O governador está de malas prontas para sair do PCdoB, mas disse que o primeiro plano é esperar a união entre a legenda e o PSB. O político disse que até o fim de junho um movimento conclusivo será feito.
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"Tenho defendido no PCdoB que a gente faça uma união, sob a modalidade da chamada federação partidária, creio que é possível fazer essa modalidade com o PSB. Essa é minha proposta número um, para que haja essa convergência. Outras hipóteses dependem do andamento ou não desses textos na Câmara", ele afirmou sobre projetos em Brasília dão margem para esse tipo de junção.
Questionado sobre se a ida para o PSB, considerando as filiações de Marcelo Freixo e a possível ida de Manuela D’Ávila (ainda no PCdoB) para a agremiação, colocam os socialistas no raio de alianças do ex-presidente Lula, Dino respondeu que “temos que perseverar no caminho de termos, o quanto for possível, uma união que envolva, inclusive o ex-governador, meu querido amigo, Ciro Gomes.”