Os diretórios nacionais do PSL e do DEM aprovaram ontem a fusão entre as duas siglas. O novo partido, que se chamará União Brasil e terá número 44 nas urnas, já surge com a maior bancada da Câmara Federal, com 82 deputados, além de quatro governadores e oito senadores. No Ceará, comando da sigla passa por disputa interna entre base e oposição.
Com a mudança, será a primeira vez em 20 anos que a direita reunirá tantos parlamentares em uma única legenda. A última vez tinha ocorrido no segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), quando o PFL elegeu 105 representantes.
O presidente do União Brasil será o atual líder do PSL, Luciano Bivar (PE), com o atual presidente do DEM, ACM Neto (BA), ocupando a secretaria-geral do partido.
Aprovada ontem, a criação da sigla ainda precisa de aval do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Líderes da sigla apostam na permissão ainda para fevereiro do ano que vem. "Nós vamos agora decidir a política nacional não só no Congresso Nacional, mas em todos os Estados do País", disse na reunião o governador do Goiás, Ronaldo Caiado (DEM).
Apesar da expectativa de que parte de seus 82 deputados deixem o partido nos próximos meses, a nova sigla deve desbancar o PT, que desde 2010 tem a maior bancada na Câmara, com 54 eleitos em 2018. A sigla também surge já com projeto de lançar candidatura própria para a eleição presidencial de 2022, mas promete liberar seus filiados para apoiarem outros candidatos na eleição, incluindo o próprio Jair Bolsonaro (sem partido).
Na reunião do DEM, o ministro do Trabalho e Previdência e pré-candidato ao Governo do Rio Grande do Sul, Onyx Lorenzoni, chegou a apresentar requerimento por apoio do União Brasil à reeleição de Jair Bolsonaro, que foi rejeitado. Outros ministros de Bolsonaro, Anderson Torres (Justiça, hoje no PSL) e Flávia Arruda (Governo, no PL), participaram do evento.
A união é vantajosa para o DEM principalmente por conta do aumento da cota dos fundos partidário e eleitoral. Já para o PSL, que cresceu repentinamente em 2018 ao abrigar Jair Bolsonaro para a eleição presidencial, mas "perdeu rumo" após romper com o presidente pouco após a posse, os principais atrativos são a estrutura e capilaridade regional do DEM.
Apesar da aprovação, a fusão ainda possui conflitos regionais ainda abertos. Estados como Rio de Janeiro e São Paulo ainda não possuem consenso sobre qual grupo político, do PSL ou do DEM, vai comandar o partido. Em São Paulo, por exemplo, uma ala tenta atrair Geraldo Alckmin, de saída do PSDB, para a disputa do Governo. Já outra quer apoiar o vice-governador Rodrigo Garcia (PSDB), apoiado pelo governador João Doria (PSDB).
Outro caso de indefinição ocorre no Ceará. A atual direção do PSL, hoje composta por aliados do deputado Capitão Wagner (Pros), quer lançar o militar como candidato próprio do partido pela oposição. Já o atual comando do DEM, hoje liderado pelo empresário Chiquinho Feitosa, defende manter apoio ao PDT e ao governo Camilo Santana (PT). (com Agência Estado)