Chiquinho Feitosa está de volta ao seu aconchego, como cantou Waldonys no ato de retorno do empresário ao PSDB, realizado na Assembleia Legislativa do Ceará (AL-CE), nesta segunda-feira, 21. O comitê de imprensa da Casa ficou intransitável, tomado por outros novos filiados, lideranças parlamentares e prefeitos(as) que foram cumprimentar ele e o senador Tasso Jereissati (PSDB), ali presente.
Após não conseguir o comando do União Brasil, conquistado por Capitão Wagner, Feitosa assinou filiação à agremiação tucana, da qual saiu para o antigo Democratas e pela qual exerceu mandato de deputado federal (1999-2003).
O tempo fora do PSDB, como ele disse, foi para cumprir "uma missão" a mando de Tasso, cuja decisão é de não concorrer mais a mandatos eletivos - o que não significa sair da política, ele advertiu.
Segundo Chiquinho, o PSDB permanecerá na aliança liderada pelo governador Camilo Santana (PT) e pelo senador Cid Gomes (PDT). No momento, o principal adversário do grupo é Capitão Wagner, pré-candidato de oposição ao Governo do Ceará.
"Nós reconhecemos o belo trabalho que o governador Camilo faz. E o que tem passado o Ceará nesses últimos anos com os governos que teve. Então, nós não podemos andar para trás", disse, em referência ao adversário.
Chiquinho confirmou pré-candidatura a deputado federal. Segundo o ex-senador Luiz Pontes, que passará o bastão da direção tucana para ele, a meta do PSDB é fazer quatro deputados estaduais e três federais.
Na AL-CE, a saída de Fernanda Pessoa para União Brasil, seguindo o pai e prefeito de Maracanaú, Roberto Pessoa, foi recomposta com a filiação de Gordim Araújo, ex-Patriota.
Já na Câmara dos Deputados, a baixa foi Danilo Forte, que tomou o mesmo destino de Roberto e Fernanda. "Lamento, ele (Roberto) já tem o candidato dele, o Capitão Wagner", disse Luiz Pontes.
Outra vez próximo ao grupo dos pedetistas Ciro e Cid Gomes, o senador Tasso Jereissati (PSDB) elogiou o ciclo político iniciado por ele à frente do Governo do Ceará (1987-1991 / 1995-2002), o chamado "governo das mudanças". Ele foi questionado por O POVO se o grupo político que administra o Estado dá sinais de fadiga política, com base no apertado resultado obtido na disputa à Prefeitura de Fortaleza, em 2020, e em derrotas em municípios relevantes, como Caucaia, Maracanaú e Juazeiro do Norte.
"Olha, hoje nós tivemos uma reunião de ex-governadores (nesta segunda-feira) e eu posso dizer pra você que nós temos uma grande felicidade no Ceará, é ter mantido uma coerência e uma escola, praticamente uma escola de governo, que tem sido feita há quase 30 anos, e isso tem dado os resultados extraordinários que o Ceará tem ai", ele respondeu.
A frase mais une o tucano aos ex-governadores Ciro e Cid Gomes. O PSDB esteve com José Sarto (PDT) na campanha vitoriosa à Prefeitura de Fortaleza e ocupa espaços na administração da Capital, com a Secretaria de Esportes. No Ceará, sobretudo após Chiquinho Feitosa assumir a presidência do partido, o desenho que se configura é similar.
No ato de filiação do suplente de senador Chiquinho Feitosa, nesta segunda-feira na Assembleia Legislativa, o cantor e sanfoneiro Waldonys lembrou música que acompanha o empresário tucano desde o início da trajetória na política institucional, que se encerra neste ano: "o galeguim dos 'zói' azul".
Tasso Jereissati disse "hoje não" para a possibilidade de apoiar a chapa presidencial em vias de se formar, liderada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com Geraldo Alckmin (PSB) na vice. No entanto, o senador afirmou que, para derrotar o bolsonarismo, toda composição é possível.
"Não só para derrotar o bolsonarismo como para construir um momento de paz, de equilíbrio, de serenidade, sem ódio, sem radicalismo, todo esforço é possível e toda aliança é possível", ele afirmou. Como exemplo de que "tudo é possível" neste contexto, ele citou Alckmin como provável vice de Lula.
Questionado se a presença de Geraldo Alckmin na chapa de Lula atrairia o apoio de tucanos históricos, como ele e os ex-ministros Aloysio Nunes e José Serra, o empresário respondeu que "hoje não", pois o PSDB tem candidato a presidente, o atual governador de São Paulo, João Doria (PSDB).
"Ele é o candidato do PSDB, estamos esperando que ele tenha condições de reagir agora que ele vai deixar o governo (de São Paulo)", afirmou sobre o correligionário, a quem não apoiou nas prévias tucanas.
O senador foi entusiasta de Eduardo Leite, o governador do Rio Grande do Sul que mediu forças com Doria nas primárias tucanas. Tasso, atualmente, não dá sinais de empolgação com uma candidatura Doria. Nos bastidores, a menção a ele é tida mais como gesto de fidelidade partidária do que crença de que a postulação do governador paulista vá prosperar eleitoralmente.