Presidente do PDT no Ceará, André Figueiredo afirmou que o objetivo do partido é, até o fim deste mês, definir e apresentar o nome que encabeçará candidatura do partido ao Governo do Ceará. Até lá, ocorrem os dois últimos encontros, em Itarema e em Sobral, totalizando 12 eventos em que os líderes da legenda discutem a sucessão estadual com militantes e aliados. Se de fato a decisão sair mais cedo, significará uma quebra da tradição que acompanhou o grupo governista na história recente, com os lançamentos de Camilo Santana, em 2014, e de José Sarto, em 2020, por exemplo, na reta final do calendário das convenções partidárias.
Até aqui, a vaga na chapa majoritária é disputada de maneira mais acirrada pela governadora Izolda Cela e pelo ex-prefeito de Fortaleza Roberto Cláudio. O presidente da Assembleia Legislativa (AL-CE), Evandro Leitão, e o deputado federal Mauro Filho também são pré-candidatos.
“Na verdade, nós estamos trabalhando para isso (lançar o nome ao fim de junho). Não significa que seja 100% de certeza, não. Estamos dialogando, próxima semana vamos fazer, inclusive, encontro da região Nordeste aqui no Ceará, de todas as nossas lideranças, os vice-prefeitos que nós temos no Nordeste, o prefeito, a nossa governadora, mas o indicativo é de que seja até o fim do mês, mas não é 100%”, explicou Figueiredo ao O POVO.
Ontem, em sessão solene na AL-CE, Evandro Leitão admitiu que “tensionamentos existem” na disputa interna. Disse acreditar, frisando ser uma impressão pessoal sua, que antes das convenções partidárias o nome da candidatura deve ser anunciado.
Os “timoneiros do barco” do governismo são o senador Cid Gomes (PDT) e o ex-governador Camilo Santana (PT). Como publicado por O POVO, a tese da antecipação do anúncio da candidatura decorre da compreensão de que o resultado político da disputa interna tem passado do ponto.
Indagado sobre se entende que a pré-campanha do modo como se desenrola tem gerado desgastes políticos, Evandro respondeu que a questão não é exatamente essa. “Seria uma hipocrisia da minha parte eu dizer que não existe um tensionamento. Mas daí, desse tensionamento eu dizer que existe desgastes políticos, aí eu acho que é uma distância muito grande”, opinou o presidente do Legislativo.
Ainda conforme Leitão, a escolha de um nome para a corrida ao Palácio da Abolição requer uma estratégia ancorada nas características de quem postula. Dois traços considerados fundamentais por Evandro Leitão são aceitação dos aliados e bom percentual de popularidade em pesquisas de opinião. Os dois pontos estão em linha com o que Cid expressou quando perguntado sobre o que determinará a escolha.
O senador, aliás, escolheu RC para presidir a AL-CE, em 2010, como forma de solucionar a briga aberta que se dava entre Zezinho Albuquerque e Wellington Landim. Questionado se entende que movimento similar pode ocorrer, beneficiando-o, ele respondeu que o principal é a manutenção do projeto político. Mas registrou: “Estou pronto para qualquer missão.”
"Acreditamos no bom senso", diz Julinho sobre aliança
Líder do governo Izolda Cela (PDT) na Assembleia Legislativa, o recém petista Júlio César Filho avaliou que a aliança que sustenta a gestão da mandatária tem de ser mantida, sobretudo com seus principais partidos: PT e PDT. A legenda tem encontro de tática eleitoral no dia 2 de julho, momento no qual irá traçar o percurso pretendido para 2022.
Para que a união política prossiga, disse o parlamentar, é necessário que haja respeito entre as forças que a integram. O mais recente fator de instabilidade foi ocasionado pelo ex-ministro Ciro Gomes (PDT), ao afirmar que o PT cearense "também" tem lado corrupto e que não se submeterá a ele.
Na oportunidade, o pré-candidato do PDT à Presidência defendeu a candidatura do ex-prefeito da Capital, Roberto Cláudio (PDT), destacando que o "defeito" dele foi ter consertado a educação pública de Fortaleza. Ciro critica a predileção do PT por Izolda - inversamente proporcional à antipatia por RC.
"Obviamente, enquanto PT, nós temos também nossas preferências e temos também os nossos limites, então o PT terá um encontro já convocado para o dia 2 de julho e nesse encontro de tática eleitoral, teremos algumas definições", comenta o petista que tem bases eleitorais em Maracanaú.
É possível que a esta altura do calendário o PDT já tenha decidido quem irá lhe representar na corrida ao Palácio da Abolição. Se Roberto Cláudio for o escolhido, a manutenção ou não da aliança com os trabalhistas será foco de debate e votação na reunião do dia 2. Em entrevista recente ao Jogo Político, do O POVO, o ex-secretário De Assis Diniz afirmou de modo peremptório que os petistas põem candidatura nas ruas se o PDT for de RC. (Carlos Holanda)