Mesmo deputados federais da oposição ao presidente Jair Bolsonaro (PL) devem votar a favor da aprovação da PEC dos benefícios, conforme levantamento do O POVO feito com parlamentares cearenses.
A medida, que tem impacto de R$ 41 bilhões acima do teto de gastos, amplia despesas e cria auxílios a três meses das eleições, como o vale-caminhoneiro e o vale-taxista.
Vice-presidente nacional do PT, José Guimarães afirmou ontem que a estratégia do bloco é, primeiro, "denunciar o caráter desse 'fundão eleitoral'" e, depois, "fazermos a disputa da narrativa".
A intenção é mostrar que parlamentares petistas e de outras legendas de esquerda se mostraram favoráveis ao aumento do auxílio emergencial de R$ 400 para R$ 600 desde o começo da crise causada pela Covid-19.
"Fomos nós que, no início da pandemia, propusemos ao Rodrigo Maia (então presidente da Câmara) o auxílio emergencial de R$ 600, e foi Bolsonaro que colocou R$ 300", criticou o petista.
Embora classifique a proposta que aumenta os gastos públicos às vésperas do pleito como "a maior bomba fiscal dos últimos anos" e o governo como "o maior furador do teto de gastos", Guimarães admitiu votar a favor da PEC.
"Quando fomos votar os R$ 400, propusemos R$ 600 e o Arthur Lira (deputado do PP e atual presidente da Câmara) indeferiu. O argumento é que não tínhamos responsabilidade fiscal. Vamos votar a favor (do texto), mas apresentando alternativa", disse.
Segundo o petista, que foi o autor da emenda que elevava o valor do auxílio, Lira "deve atropelar" o rito normal de tramitação da PEC, cuja apreciação começa já nesta terça-feira, 5, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa, e deve ser votada em plenário até a semana que vem.
Colega de Guimarães no PT, o deputado federal José Airton Cirilo declarou que a sigla vai se reunir na terça ou na quarta para ponderar sobre o assunto, mas que a tendência é de votarem pela aprovação da PEC, "ainda que parcialmente".
Deputado federal pelo PDT, Eduardo Bismarck também sinalizou voto favorável à PEC quando for levada a plenário - como se trata de emenda constitucional, são necessários 308 apoios dos 513 possíveis na Câmara.
Ainda de acordo com o pedetista, o partido deve encaminhar voto pela adoção da proposta, que já passou pelo Senado, também com duas votações, com voto contrário apenas do senador José Serra.
Moses Rodrigues, do MDB, antecipou à reportagem que vai votar "sim" à PEC dos benefícios. Devem seguir o mesmo caminho Genecias Noronha e Jaziel Pereira, ambos do PL de Bolsonaro.
Vice-presidente estadual do União Brasil, o deputado Heitor Freire confirmou que irá acompanhar os membros da bancada conservadora e votar com o governo Bolsonaro.
"Diante do momento de dificuldade do país", argumentou, "com a economia ainda em recuperação pela pandemia, acho necessário o aumento do auxílio emergencial de R$ 400 para R$ 600, bem como os demais benefícios".
"O ideal, claro, seria o emprego, já que o trabalho traz dignidade e qualidade de vida para as pessoas", continuou o deputado, alegando que "tem muita gente passando fome, passando necessidade, e o Poder Público não pode ignorar ou fazer vista grossa a essas pessoas nesse primeiro momento".
Relator da proposta na Câmara, o deputado federal Danilo Forte (União Brasil) projeta que a medida não irá encontrar dificuldade para aprovação. O parlamentar estima que, até a semana que vem, o trâmite vai estar encerrado.