Debate que costuma se intensificar na reta final de disputas eleitorais, a pauta moral entrou em cena nos últimos dias nas campanhas do Ceará. Na tarde de ontem, tanto Elmano Freitas (PT) quanto Camilo Santana (PT) rebateram video da candidata ao Senado Kamila Cardoso (Avante) associando o PT a temas como o aborto e a legalização das drogas.
Na peça, que vem sendo veiculada em trecho do horário eleitoral gratuito destinado à candidata, Kamila aparece ao lado das frases "mãe de deficiente, advogada de causas sociais, a favor da vida, contra o aborto, a legalização das drogas e a ideologia de gênero". Ao lado, aparece a palavra "ex-governador", que é exibida ao lado de frases como "a favor do aborto, da legalização das drogas e da ideologia de gênero".
O vídeo de Kamila, que disputa em chapa encabeçada por Capitão Wagner (UB) para governador, provocou uma série de respostas da campanha petista. "A campanha do Capitão Wagner usa espaço da TV e Rádio para mentir dizendo que defendo o aborto e a legalização das drogas. Mentira! Sou absolutamente contra o aborto e contra a legalização das drogas. Essa sempre foi minha posição", destacou Camilo Santana no Twitter.
Elmano Freitas também lançou nota negando apoiar as pautas. "Lamentável a baixaria. Capitão Wagner usa sua propaganda de TV e Rádio para mentir. Eu já disse em outras ocasiões e repito: sou contra a legalização do aborto e das drogas. Sempre foi minha posição pessoal, como católico e seguidor dos ensinamentos da igreja e do papa Francisco", disse, em publicação no Facebook.
Questionado sobre o assunto, Capitão Wagner negou qualquer envolvimento com o vídeo, mas afirma que não há mentira na peça. "A Kamila tá tentando se diferenciar do oponente dela e ela, de forma clara e objetiva, mostrou que o partido deles é a favor, a nível nacional, e lá em Brasília a gente faz essa discussão direto, e o PT é de fato a favor da legalização do aborto, o PT é de fato a favor da legalização das drogas", disse.
"Foi o que ela mostrou na campanha dela. Se eles não tiveram a coragem de fazer um embate com a Kamila, por conta dessa questão de violência de gênero, é outra coisa. Mas eu não entro nesse debate, a Kamila que tem que responder pela campanha dela", conclui.
Após a repercussão do caso, Kamila Cardoso lançou novo vídeo nas redes sociais "assumindo" a autoria do video e negando que a peça tenha partido de Wagner. "O Camilo com O promove fake news e faz acusações injustas e levianas ao Capitão Wagner. Quem falou que você vai votar pela legalização das drogas e do aborto fui eu, Kamila, e no meu horário eleitoral, já que você vai seguir a orientação do seu partido", diz.
Aliado de Kamila Cardoso, o senador Eduardo Girão (Podemos) também se manifestou sobre o caso nas redes sociais, também reforçando uma suposta relação entre PT e as pautas. "Não tem como negar, tá no site! Camilo é PT, que defende a liberação do aborto e drogas. Eles também deixaram o crime organizado mandar no Ceará. São da cultura de morte e corrupção", afirma.
Nos bastidores, a peça foi vista por políticos como uma forma de Kamila tentar "fisgar" de Camilo parte do eleitorado mais sensível aos temas, como evangélicos. Na última pesquisa Ipespe, divulgada pelo O POVO na semana passada, este segmento dava ampla vitória para Capitão Wagner na disputa, com 51% das intenções de voto.