Kamila Cardoso corria para ser candidata à Câmara Municipal de Fortaleza (CMFor), no que seria a primeira empreitada na política institucional. Resistente de início, foi convencida pelo esposo e por um amigo a tentar transportar as próprias agendas para o Legislativo Municipal.
O segundo passo foi o ingresso no Podemos do senador Eduardo Girão, em quem diz depositar confiança, admiração e se identificar com o perfil político.
“Fernando Torres e o Plauto (dois dirigentes da legenda) me conheceram e pude conversar com eles e me deixaram confortável. Eduardo Girão foi um peso, por saber que estaria ao lado de um homem tão sério”, lembra em entrevista O POVO.
Se filiou com um propósito, mas os caminhos foram reorientados durante as colaborações prestadas ao plano de governo de Capitão Wagner (Pros), cabeça da chapa da qual Kamila faz parte.
Naqueles trabalhos, da parte dela voltados acima de tudo para a elaboração de propostas de inclusão social de pessoas com algum tipo de deficiência, o candidato começou a entendê-la como possibilidade para a sua vice.
O militar da reserva tinha alguns perfis com os quais trabalhava antes de chegar a Kamila. Chegou a considerar, por exemplo, a ideia de nome ligado ao setor empresarial que lhe conferisse mais entrada nos segmentos financeiramente elitizados da Cidade.
Kamila, por outro lado, tornaria a candidatura mais palatável para outra fatia importante: o eleitorado feminino, o qual o postulante militar teve dificuldades de atrair em 2016.
Antes de Kamila ser alçada à chapa majoritária, ela mesmo lembra, ainda seria submetida a três sabatinas internas, uma delas com Wagner e uma outra com Eduardo Girão.
Advogada e mãe de Kaio Cardoso, 13 anos, Kamila e o filho tiveram parte decisiva da história da família narrada em reportagens do O POVO. É que ela mergulhou em 2011 na missão de defender a vida da criança, mobilizando uma campanha de doação de medula óssea que terminaria por fazê-lo superar uma anemia aplástica.
Por isso, a candidata destaca ser em cima de temas como o da inclusão de pessoas com deficiência que deseja pautar a atuação como vice-prefeita caso Wagner saia vencedor ante Sarto no próximo domingo.
Segundo Kamila, o compromisso firmado por Wagner de priorizar a causa da acessibilidade foi determinante para que aceitasse entrar na disputa. Numa projeção de vitória, ela prossegue, Capitão Wagner já lhe disse que a ação dela na administração será no comando de alguma secretaria.
“Me sinto muito confortável em pastas com demandas de mulher, crianças, de saúde. Contribuir naquilo que já atuo como advogada, para que a gente possa mesmo desempenhar um trabalho significativo na Prefeitura”, ela diz.
A candidata tem sido presente nos programas de televisão do deputado federal no Horário Eleitoral. Já contou a história do filho, na esteira da qual reforçou ter visto problemas da gestão municipal na atenção aos deficientes.
Em uma das últimas aparições, investiu na imagem de uma campanha independente em relação ao governo Bolsonaro, demarcando, por exemplo, ter sido um erro do presidente qualificar a Covid-19 como “gripezinha”.