Confirmada para assumir como secretária-executiva do Ministério da Educação no governo Lula (PT), a governadora Izolda Cela (sem partido) fez ontem uma série de críticas à postura adotada pelo governo Jair Bolsonaro (PL) na pasta. "A educação foi eleita como uma das áreas de ataque", destacou a governadora.
"Resolveram achar que os professores são doutrinadores do comunismo, por exemplo. É um desconhecimento completo da realidade nas nossas escolas. Eles não elegem prioridade, eles não falam sobre as grandes necessidades da população, sobre o dever que uma administração pública tem de se comprometer com isso", diz.
"Era o mundo se acabando, uma pandemia gerando repercussões muito grandes nas escolas, suspensão das aulas, e eles achando que não era nem com eles, como se não tivessem nada a ver com aquilo. E empenhados em homeschooling, com as crianças serem educadas em casa. Eu pensava 'meu Deus do céu, eles não conhecem o Brasil', a impressão que dava era só essa".
Sobre o trabalho que será desenvolvido a partir do ano que vem, a governadora destacou a necessidade de "recomposição" total na pasta, com base em cronogramas e na "realidade" da educação. Neste sentido, ela destaca principalmente o perfil "agregador" do ministro escolhido por Lula, o senador eleito Camilo Santana (PT).
"O Camilo é agregador, de chamar as pessoas, de ouvir, então com certeza ele terá agendas importantes (...) vamos lidar com a realidade, penso que são desafios muito importantes relacionados ao equilíbrio fiscal, que vão exigir compreensão e sacrifício".
Sobre o trabalho que será desenvolvido a partir do ano que vem, a governadora destacou a necessidade de uma "recomposição" total na pasta, com base em cronogramas e na "realidade" da educação.
Izolda criticou, ainda, a priorização da gestão Jair Bolsonaro à implantação do modelo de escolas cívico-militares, unidades de ensino implementadas em parceria entre o MEC, o Ministério da Defesa e as Forças Armadas.
"Eu penso que a gestão pública não deve se comprometer com modelos ideológicos. E é algo com bases muito questionáveis, aquela ideia de que, com um militar na escola, a disciplina vai estar garantida, o que é bastante questionável", disse ela.
A governadora até considera que toda "diversidade" na rede de ensino é "bem vinda", citando a existência no Ceará de escolas militares tanto da Polícia Militar quanto do Corpo de Bombeiros, como também unidades de comunidades indígenas ou do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).