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Izolda Cela critica MEC por tratar professores como "doutrinadores do comunismo"
Politica

Izolda Cela critica MEC por tratar professores como "doutrinadores do comunismo"

Governadora está confirmada na equipe de Camilo Santana no MEC, a partir de janeiro, e diz que a pasta vai precisar passar por uma "total recomposição". O governo Bolsonaro, para ela, escolheu a educação para ataques constantes
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Izolda Cela durante visita ao O POVO, ontem (Foto: FCO FONTENELE)
Foto: FCO FONTENELE Izolda Cela durante visita ao O POVO, ontem

Confirmada para assumir como secretária-executiva do Ministério da Educação no governo Lula (PT), a governadora Izolda Cela (sem partido) fez ontem uma série de críticas à postura adotada pelo governo Jair Bolsonaro (PL) na pasta. "A educação foi eleita como uma das áreas de ataque", destacou a governadora.

"Resolveram achar que os professores são doutrinadores do comunismo, por exemplo. É um desconhecimento completo da realidade nas nossas escolas. Eles não elegem prioridade, eles não falam sobre as grandes necessidades da população, sobre o dever que uma administração pública tem de se comprometer com isso", diz.

"Era o mundo se acabando, uma pandemia gerando repercussões muito grandes nas escolas, suspensão das aulas, e eles achando que não era nem com eles, como se não tivessem nada a ver com aquilo. E empenhados em homeschooling, com as crianças serem educadas em casa. Eu pensava 'meu Deus do céu, eles não conhecem o Brasil', a impressão que dava era só essa".

Sobre o trabalho que será desenvolvido a partir do ano que vem, a governadora destacou a necessidade de "recomposição" total na pasta, com base em cronogramas e na "realidade" da educação. Neste sentido, ela destaca principalmente o perfil "agregador" do ministro escolhido por Lula, o senador eleito Camilo Santana (PT).

"O Camilo é agregador, de chamar as pessoas, de ouvir, então com certeza ele terá agendas importantes (...) vamos lidar com a realidade, penso que são desafios muito importantes relacionados ao equilíbrio fiscal, que vão exigir compreensão e sacrifício".

Sobre o trabalho que será desenvolvido a partir do ano que vem, a governadora destacou a necessidade de uma "recomposição" total na pasta, com base em cronogramas e na "realidade" da educação.

Izolda criticou, ainda, a priorização da gestão Jair Bolsonaro à implantação do modelo de escolas cívico-militares, unidades de ensino implementadas em parceria entre o MEC, o Ministério da Defesa e as Forças Armadas.

"Eu penso que a gestão pública não deve se comprometer com modelos ideológicos. E é algo com bases muito questionáveis, aquela ideia de que, com um militar na escola, a disciplina vai estar garantida, o que é bastante questionável", disse ela.

A governadora até considera que toda "diversidade" na rede de ensino é "bem vinda", citando a existência no Ceará de escolas militares tanto da Polícia Militar quanto do Corpo de Bombeiros, como também unidades de comunidades indígenas ou do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

 

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