O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniu nesta sexta-feira, 20, no Palácio do Planalto, com os comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica. O encontro ocorreu a portas fechadas e, conforme relataram os ministros escalados para serem porta-vozes do teor do encontro, ajudou a melhorar o clima na relação, conturbada devido à proximidade do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) com os militares.
O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro Filho, disse que Lula buscava recuperar a confiança nas Forças Armadas.
"Ele (Lula) tem consciência, e as Forças Armadas também, da atenção que deu às Forças Armadas. E quis renovar essa confiança Evidentemente não poderíamos ficar nessa agenda última, temos que pensar para a frente, pacificar esse País e governar", afirmo Múcio, ao sair da audiência.
O ministro da Secretaria de Relações Institucionais (Serin), Alexandre Padilha, afirmou que os comandantes das Forças Armadas "ficaram impressionados com a dedicação" e tiveram debate "muito positivo" com Lula.
"Os comandantes ficaram muito bem impressionados com a dedicação de Lula durante a reunião, de dialogar sobre os temas, discutir sobre os temas, relembrar investimentos que fez quando foi presidente da República e foram paralisados", afirmou Padilha, ao destacar que a reunião "foi produtiva".
José Múcio afirmou ainda que os comandantes concordaram em abrir processos para apurar e punir casos de militares que se insubordinaram, em manifestações nas redes sociais, ou que tiveram envolvimento nos atos extremistas de 8 de janeiro. Lula afirmou que cobraria providências dos comandantes-gerais, a despeito da patente de quem estivesse sob averiguação.
"Os militares estão cientes e concordam que vamos tomar essas providências. Evidentemente, no calor da emoção a gente precisa ter cuidado para que acusações e penas sejam justas. Tudo será providenciado em seu tempo", afirmou o titular da Defesa.
Para o ministro, não houve envolvimento direto das forças nos atos cometidos por extremistas, durante o ataque às sedes dos três poderes. Múcio negou que Lula tenha tratado com os comandantes militares, diante de empresários convidados para o encontro, de punições relacionadas aos atos golpistas de 8 de janeiro. O mesmo relato foi sustentado por Padilha.
"Eu entendo que não houve envolvimento direto das Forças Armadas Agora, se algum elemento individualmente teve participação, ele vai responder como cidadão", disse o ministro.
Múcio afirmou que o presidente precisava de uma conversa para "virar a página" sobre os atos de indisciplina e politização nas Forças Armadas.
Já Padilha disse ainda que os investimentos na área da Defesa podem vir por meio de Parcerias Público-Privadas (PPPs). "Você tem PPPs, parte dos investimentos em inovação tecnológica, fortalecimento da capacidade produtiva do País. Não é um plano que tem recursos apenas do Orçamento Geral da União, é um plano que tem uma combinação de investimentos. O Brasil vai voltar a ter um plano de Defesa", assegurou.