A gestão do governador do Ceará, Elmano de Freitas (PT), registra um início lento nos investimentos, embora haja uma crescente nos últimos meses. O governo investiu R$ 553,9 milhões entre janeiro e meados de junho deste ano, valor que representa 21,3% dos R$ 2,6 bilhões da dotação prevista até o fim de 2023.
Os dados, divididos em bimestres, mostram que, embora venha acelerando, a execução ainda não chegou a um quarto do previsto para 12 meses, com o governo prestes a completar meio ano.
No primeiro bimestre de 2023, os investimentos ficaram em R$ 9,8 milhões. Entre março e abril, os valores passaram de R$ 230,2 milhões; totalizando R$ 240 milhões em quatro meses. O valor representava menos de 10% da dotação prevista para o ano. Os dados de janeiro a abril são os consolidados mais recentes disponíveis nos relatórios da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).
Questionado pelo O POVO, o governo respondeu que o orçamento do Estado é planejado para todo o exercício e é esperado que a execução do gasto público sofra variações durante o ano. "As despesas com pessoal e com custeio de manutenção dos equipamentos são executadas de forma mais linear do que as despesas de investimentos, que correspondem principalmente a obras e aquisições de equipamentos e que dependem de celebração de novos contratos, medições, dentre outros", explica.
Sobre o início lento, a gestão apontou que no mês de janeiro os sistemas estão "começando a entrar em operação" e que geralmente se dá prioridade às despesas de pessoal neste período. A Casa Civil indicou que os valores parciais do bimestre que compreende os meses de maio e junho já são maiores que a soma dos quatro primeiros meses de 2023.
"A execução do mês de maio e parcial de junho já alcançam aplicação de investimentos no Estado no montante de R$ 313,9 milhões. Os números comprovam que, apesar de ainda não finalizado o 3º bimestre, ele já é superior em (cerca de) 31% a todo valor investido nos quatro primeiros meses, o que demonstra a consolidação dos investimentos", pontua a gestão. O valor parcial dos investimentos no bimestre maio/junho foi enviado ao O POVO no dia 19 deste mês.
A Casa Civil informou ainda que 63% de todo o valor investido até junho foi financiado com recursos do tesouro estadual; 17% com financiamentos de instituições financeiras; 10% com recursos de convênios e o restante por demais receitas. "Os dados demonstram o esforço do governo de honrar com seus compromissos independentemente do ingresso dos recursos de outros entes ou instituições, sempre de forma responsável", complementa.
Líder do governo na Assembleia Legislativa do Ceará (Alece), Romeu Aldigueri (PDT) argumenta que, embora o governo que se inicia seja de continuidade, é preciso ter entendimento da máquina pública e dos processos que a envolvem. O parlamentar projetou que a tendência é de celeridade nos investimentos durante o restante do ano.
"Composição de equipes, ajustes em prioridades, leis adequadas à nova realidade. O governo também precisou ajudar e aguardar a reconstrução dos mecanismos orçamentários destruídos pelo ex-presidente (Jair Bolsonaro), que se conectam às secretarias estaduais. O Ceará tem e continuará tendo as contas organizadas e no decorrer dos próximos meses a execução ganhará celeridade, com transparência e eficácia", projetou Aldigueri.
Próximo de completar seis meses de gestão, o governo Elmano foi objeto de pesquisa Datafolha, em Fortaleza, divulgada em junho pelo O POVO. Entre os habitantes da Capital, a avaliação da gestão obteve 30% de bom/ótimo, 42% de regular e 22% de ruim/péssimo. Sobre o resultado, Elmano considerou que a gestão é aprovada por uma fatia da população, enquanto outra ainda estaria avaliando seu desempenho à frente do Executivo.
"Minha avaliação da pesquisa é a de que nos anima muito a trabalhar mais. Nosso povo está analisando o que nós estamos fazendo, está conhecendo. Uma parte da população aprovando, outra parte ainda analisando. Temos que receber a pesquisa com muita humildade e trabalhar ainda mais, especialmente para que ao final do governo ter entregue aquilo que eu disse que faria se vencesse a eleição", afirmou o petista.