Em convenção estadual do PSDB em Fortaleza nessa segunda-feira, 30, os aliados Ciro Gomes (PDT) e Tasso Jereissati (PSDB) elevaram o tom das críticas ao governo de Elmano de Freitas (PT) e ao ministro Camilo Santana (Educação), sobretudo na área da segurança pública, tema que predominou no evento.
Ex-presidenciável hoje rompido com o grupo do ex-governador petista, Ciro afirmou que o "Ceará está sendo destruído pela traição e pelo descompromisso".
"Eu não queria ser governador do estado um dia", continuou Ciro, "para a nossa autoridade ser desmoralizada pelo poder do crime organizado que controla todas as nossas periferias".
Em seguida, comparou a atual gestão do Executivo cearense ao governo dos coronéis contra os quais Tasso se elegeu governador pela primeira vez, em meados da década de 1980.
"Aqui ninguém dizia nada contra os coronéis. É do mesmo jeito que está hoje", complementou Ciro, acrescentando que "aquilo tudo que foi nossa conquista está indo pro brejo, está sendo jogado fora, está indo pra lata do lixo".
"O Ceará precisa de novo se levantar, se reunir, se organizar e dizer não à prepotência, não aos traidores e aos corruptos que comandam nosso estado", discursou.
Ao lado de Ciro no palanque montado no Marina Park para oficializar o vice-prefeito Élcio Batista na direção da legenda social-democrata, Tasso declarou que o "estado desapareceu nos bairros de Fortaleza" e que isso representa "falta de governo, de presença de autoridade e de espírito público".
Na sequência, o tucano admitiu, porém, que estava "incomodado com uma certa anestesia que está acontecendo no estado", citando como exemplo o caso mais recente de chacina, no município de Itarema.
"Hoje mesmo acordei com a notícia de massacre em Itarema. Para minha surpresa, logo em seguida vi uma foto em que estavam todas as principais autoridades do estado numa festa. No mesmo momento em que tínhamos a notícia do massacre, nós víamos todas as autoridades, inclusive o ministro (Camilo), como se nada de ruim estivesse acontecendo no Ceará", enfatizou o ex-senador.
Tasso também mirou em Elmano, reiterando avaliação que vem fazendo desde o início da gestão do petista. "Temos um governo que tem 33 secretarias", disse, "feitas não porque era melhor para dar mais eficiência aos serviços públicos do estado, mas para colocar os amigos e cooptar os prefeitos".
De acordo com ele, as forças governistas hoje têm se mobilizado em torno do que considera como "uma verdadeira cooptação, principalmente na Assembleia Legislativa, para acabar com qualquer tipo de oposição e de crítica que possa ser feita sobre as coisas que estão acontecendo".
"Por essa razão é que estamos nos juntando novamente, nos alinhando", justificou Tasso, que ainda elogiou o atual prefeito, José Sarto (PDT), também presente ao encontro e classificado por ele como alguém que "não é festivo nem marqueteiro de si mesmo, mas um homem sério que trabalha".
Sarto, por sua vez, agradeceu a Tasso, chancelando as palavras do ex-senador. Em tom mais ameno, o gestor municipal corroborou postura de Ciro, lembrando que a ala cidista e camilista no estado havia traído o ex-prefeito Roberto Cláudio em 2022. "Como esse partido trai o cara que ganhou na convenção? Como é que pode? Só nestes tempos que vivemos hoje", concluiu.