Pré-candidato à Prefeitura de Fortaleza, Capitão Wagner (União Brasil) respondeu nessa segunda-feira, 29, a declarações direcionadas a ele pelo prefeito José Sarto (PDT) e pela deputada estadual Dra. Silvana (PL). Sarto se referiu, indiretamente, a Wagner como “capitão dos motins”, Silvana disse que o ex-secretário de Saúde de Maracanaú era de esquerda.
Apesar de comentar sobre as falas, Wagner disse que responderá esse tipo de crítica em “alto nível”. Neste mesmo tom “ameno”, o ex-deputado federal ainda fez elogios a diversos políticos fortalezenses, cearenses e do âmbito nacional, dos mais diversos espectros políticos.
“Não esperem do Capitão Wagner uma resposta, uma pancada no que foi dito ontem pelo prefeito Sarto”, começou Wagner, antes da abertura de perguntas em coletiva de imprensa convocada pelo União Brasil.
Apesar deste início, Wagner comentou, poucos minutos depois, sobre as falas de Sarto. “Eu queria entender qual o Sarto que vai se apresentar para a campanha, se é o Sarto zoeiro e leve, com óculos juliet, ou aquele que fez um discurso tenso batendo em todos os adversários. Um discurso direcionado ao teleprompter, que ficou muito claro que não é o que o Sarto pensa”, disse, se referindo aos vídeos publicados pelo prefeito nas redes sociais.
Sarto falou de Wagner na convenção que o oficializou candidato pelo PDT, citando indiretamente o “capitão dos motins”, que “não se cansa de perder eleição”. Falas se referem ao motim da Polícia Militar em 2020, ao qual Wagner foi acusado de ter liderado. Ele nega. No motim de 2011/2012, entretanto, o ex-deputado teve papel central.
Wagner ainda criticou as declarações de Sarto contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), nas quais o prefeito disse que o presidente “perderia mais uma vez” em Fortaleza e que era “freguês” da capital. “Não vou fazer a chacota que o Sarto fez sobre a presença do Lula aqui, até porque tenho respeito à força política que ele tem na capital”, começou.
O pré-candidato emendou, citando também o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL): “Tenho respeito demais à força do Bolsonaro, do Lula, que tem seus votos consolidados aqui. Apesar disso, o eleitorado de Fortaleza não se baseia só nisso".
Além de Sarto, Wagner foi criticado pela deputada estadual Dra. Silvana, que é filiada ao PL, partido ao qual o pré-candidato do União Brasil estuda uma possível aliança se não no primeiro turno, no segundo.
Assim como Sarto, Wagner começou dizendo que não responderia às falas, por ter grande “carinho e respeito” por Silvana.
Ele, no entanto, comentou: “Não é exatamente o que diz a história. Ela esteve oito anos na base do Camilo e nem por isso eu considero que ela seja de esquerda. Votou com o Camilo, elogiou o Camilo, disse um dia desses que votaria no Evandro, que é o candidato deles, no segundo turno, que é o candidato do PT. Eu nunca disse isso, mas tudo bem”, disse.
Wagner ainda disse que conversa com “duas siglas”, que também podem apresentar uma “boa surpresa” até sábado, se referindo ao pré-candidato a vice. “O que decidimos até agora é que vai ser alguém diferente de mim. De uma outra área de atuação, alguém que agregue em uma chapa majoritária”, afirmou Wagner.
Questionado sobre quais seriam, ele afirmou "não poder comentar", mas acrescentou: “Roberto Pessoa [prefeito de Maracanaú] está na frente conversando com um partido, eu estou conversando com outro. Temos excelentes nomes.”
Sobre possíveis alianças com o PL, em específico, que tem o nome do deputado federal André Fernandes como postulante à Prefeitura, ou com o Novo, que tem o senador Eduardo Girão, Wagner disse que as negociações não “encerraram” e vão até o último minuto. No entanto, não vê qualquer perspectiva de desistência por parte dele próprio, tendo em vista seus resultados nas pesquisas.
“Eu tive abordagem de outros partidos pedindo para que pudéssemos apoiar outras candidaturas. Mas veja minha posição. Eu com quase 40% das intenções de voto, retirar a candidatura. Vai parecer ou covardia da minha parte, ou que eu me vendi”, afirmou.
Em pesquisa Datafolha, encomendada pelo O POVO, Wagner aparece com 33% das intenções de voto. André aparece com 12%, ocupando o terceiro lugar, e Girão tem 5%, ocupando o quinto. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou menos.
Além das críticas, as declarações de Wagner incluíram elogios a políticos dos mais variados espectros políticos. A lista inclui nomes como o da os ex-prefeitos de Fortaleza, Luizianne Lins (PT), Roberto Cláudio (PDT) e Juraci Magalhães; o prefeito do Recife, João Campos (PSB); e até os governadores de Goiás e São Paulo, respectivamente, Ronaldo Caiado (União Brasil) e Tarcísio de Freitas (Republicanos).
A lista é variada, Luizianne e João Campos são aliados de Lula. Roberto Cláudio, de Ciro, além de ter ampla presença da campanha de Sarto. Caiado e Tarcísio são ligados ao bolsonarismo. Os elogios se referiram a aspectos da administração de todos: segurança, no caso de Caiado e Tarcísio e diálogo com vereadores e com governadores ou presidente, nos demais.
Além disso, no caso de Luizianne, Wagner lamentou o processo interno de decisão do PT, que optou por Evandro em detrimento da ex-prefeita. “Luizianne era competitiva, poderia até ganhar”, disse Wagner.