Um ano depois do motim da Polícia Militar do Ceará, um de seus líderes, o ex-deputado federal Cabo Sabino, avalia os efeitos que a paralisação teve na disputa eleitoral de 2020 na capital cearense.
Para o militar da reserva, o deputado federal Capitão Wagner (Pros), então candidato à Prefeitura de Fortaleza, “não participou do motim nem teve influência do movimento”. “Wagner tentou mediar, desde o início foi contra o motim”, conta Sabino, que concorreu a uma vaga na Câmara, mas não conquistou assento.
Passado esse tempo, Sabino alega que o bloco governista usou a pauta do motim estrategicamente nas eleições para o Paço, da qual José Sarto (PDT), um aliado de Camilo Santana (PT), saiu vencedor.
“O grupo do governo criou uma distração para o Wagner. Na periferia, ninguém se preocupa com greve de PM. O governo criou distração para o Wagner ficar se justificando na campanha, quando o que realmente estava batendo era a história de ele ter votado contra o auxílio”, avalia.
Durante o pleito, Wagner foi sistematicamente acusado por seus adversários de haver liderado a paralisação da PM. O postulante negava. O assunto dominou todo o primeiro turno da corrida e o início do segundo. À época, o deputado disse que havia apenas tentado negociar uma saída para o impasse.
O parlamentar chegou a formar uma comitiva e a se dirigir ao Palácio da Abolição para se reunir com Camilo Santana, mas não foi recebido. O imbróglio só se resolveria após o Governo do Estado adotar medidas mais duras contra os amotinados, que encerraram o movimento depois de 13 dias.