Após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) insinuar que o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) defende o crime organizado, políticos de esquerda reforçaram esse discurso e afirmaram que um vídeo do parlamentar, de janeiro, beneficiou o Primeiro Comando da Capital (PCC).
O político mineiro aponta "canalhice" nas alegações e promete ir à Justiça com queixa de difamação. "Acusar os outros sem provas é com a esquerda mesmo", escreveu nas redes sociais.
Em janeiro, Nikolas publicou vídeo sobre uma nova norma da Receita Federal, que ampliava o monitoramento de transações financeiras, estendendo a fintechs as obrigações de transparência que todas as instituições financeiras têm no País.
Na ocasião, ele disse que a norma era "quebra de sigilo mascarada de transparência". Checagem do Estadão Verifica apontou que o vídeo, que teve 300 milhões de visualizações, tinha informações enganosas e distorcidas. A repercussão negativa fez o governo cancelar a norma.
Após uma força-tarefa investigativa na última semana revelar um esquema que envolvia fintechs e o PCC, Lula resgatou o episódio, mas não citou Nikolas nominalmente.
"Tem um deputado que fez campanha contra as mudanças que a Receita Federal propôs, e agora está provado que o que ele estava fazendo era defender o crime organizado", disse em entrevista na sexta-feira, 29.
Em vídeo publicado em sua conta do Instagram, a deputada federal Tabata Amaral (PSB-SP) comenta a megaoperação contra o crime organizado e faz referência ao vídeo o sobre o Pix gravado pelo colega da Câmara no início do ano. O novo vídeo de Tabata tem o nome "Nikolas Ferreira ajudou o PCC?".
"O crime organizado está se beneficiando de todas essas fintechs que hoje não estão sendo fiscalizadas. Nikolas dizia estar defendendo você, a sua liberdade, o seu negócio. Mas eu te pergunto: quem é que está lucrando com tudo isso?"
O deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) também usou suas redes para comentar o caso. Em uma série de vídeos com Nikolas, gravados para um programa de TV, Boulos "provoca" o deputado, quando o tópico do crime organizado é adicionado à conversa. O debate foi ao ar na CNN na sexta-feira, um dia após a megaoperação.
O secretário da Receita Federal, Robinson Barreirinhas, durante a entrevista coletiva que detalhou a operação da semana passada contra o crime organizado reclamou que "as fake news foram tão fortes que, apesar de todo nosso esforço, não conseguimos rebater essas mentiras, por conta da força de quem as impulsionava, o que já estava, inclusive, prejudicando o uso dos meios de pagamento instantâneo. Nós tivemos que dar um passo atrás e revogar essa instrução normativa. E as operações de hoje (quinta-feira) mostram quem ganhou com essas mentiras", afirmou o secretário.
Vale destacar que os parlamentares bolsonaristas, a época, reagiuram ao recuo do governo como uma grande vitória e exaltaram a importânci de Nkolas Ferreira para que ela acontecesse. O cearense André Fernandes (PL), por exemplo, parabenizou "a todos brasileiros que se manifestaram, em especial ao grande Nikolas Ferreira". (das agências)