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Janaína acusa Ciro de violência política de gênero e defende que ele seja punido
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Janaína acusa Ciro de violência política de gênero e defende que ele seja punido

|Falas| A prefeita de Crateús disse acreditar na Justiça e chamou os ataques de Ciro de "crime gravíssimo"
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JANAÍNA Farias comentou os ataques recentes do ex-ministro Ciro Gomes contra ela (Foto: Samuel Setubal)
Foto: Samuel Setubal JANAÍNA Farias comentou os ataques recentes do ex-ministro Ciro Gomes contra ela

A prefeita de Crateús e ex-senadora, Janaina Farias (PT), rebateu as declarações do ex-ministro Ciro Gomes (PDT), que voltou a atacá-la recentemente e teve um pedido de prisão preventiva feito pela advocacia do Senado. O pedido foi adicionado a uma ação penal eleitoral do Ministério Público que apura crime de violência política de gênero.

Ao O POVO, a prefeita disse acreditar na Justiça e chamou os ataques de Ciro de "crime gravíssimo", cobrando uma punição na esfera criminal (penal) para o ex-ministro. As declarações ocorreram durante o 17° encontro estadual do PT Ceará, no sábado, 6, em Fortaleza.

"É um crime. Um crime grave, inclusive, na lei do código eleitoral. Para mim, é um crime grave que ele comete contra a minha pessoa. Uma pessoa política, que tem história de mais de 20 anos na vida pública. Para mim é crime gravíssimo e ele vai responder na Justiça a tudo o que ele está fazendo. Eu acredito na Justiça, como já foi feito em Brasília, no Tribunal de Justiça. A gente espera que a justiça será feita nesse caso. É violência política de gênero e a gente vai lutar, junto com meus advogados", declarou.

Questionada sobre o pedido de cautelares ou de prisão preventiva feito pela advocacia do Senado, Janaina informou que a decisão é da sua defesa. "É uma decisão dos meus advogados, da advocacia que me defende. Mas repito, é um crime muito grave. Ele desrespeita uma mulher, uma política, que luta pelo povo. Acredito na Justiça, assim como foi feito na (ação) cível, a gente vai, se Deus quiser, fazer justiça no processo criminal, penal, e ele vai responder".

No pedido feito pela defesa, aponta-se caráter “cumulativo” e “persistente” de ataques do pedetista contra a gestora de Crateús.

“A existência de ação penal não foi suficiente para desestimular o réu, que prossegue em sua senda delituosa contra a mulher. Não há outro caminho para assegurar a incolumidade futura do bem jurídico e da vítima, exceto a decretação de medidas cautelares suficientes (ou, se for o caso, a prisão preventiva)”, diz trecho da petição.

A informação sobre o pedido de prisão foi divulgada em primeira mão pela coluna Vertical, do O POVO.

Janaina também comentou brevemente o 17° encontro do PT no Ceará e revelou que não tem pretensões eleitorais em 2026. "Um encontro importante, que estamos aqui com o governador Elmano de Freitas, com o prefeito de Fortaleza, Evandro Leitão. Sabemos da importância do partido e de dialogar. O governador fez uma fala boa, importante, defendendo a união no partido. Acho que aqui começa a nossa discussão para 2026", declarou.

A ex-senadora negou qualquer pretensão de disputar cargos eletivos no ano que vem. "Pretendo continuar prefeita da minha cidade, com muito orgulho", concluiu.

As declarações de Ciro contra Janaína tiveram início em abril de 2024, quando ela assumiu uma cadeira no Senado, por ser suplente do ministro da Educação, Camilo Santana (PT).

Na ocasião, Ciro Gomes criticou a posse de Janaína, afirmando em entrevista que ela era um "cavalo" de Camilo. Na sequência, declarou que a única "realização" de Janaína era ter sido, em suas palavras, assessora de "assuntos de cama" do atual ministro da Educação. 

A prefeita Janaína Farias (PT) desejou que Ciro responda na Justiça por suas falas. Na foto: Ciro Gomes à esquerda e Janaína Farias à direita.
A prefeita Janaína Farias (PT) desejou que Ciro responda na Justiça por suas falas. Na foto: Ciro Gomes à esquerda e Janaína Farias à direita.

Defesa de Ciro constesta pedido de prisão preventivo

A defesa do ex-governador do Ceará e ex-ministro, Ciro Gomes (PDT), apresentou nesta segunda-feira, 8, uma manifestação à Justiça Eleitoral contestando o pedido de prisão preventiva formulado pela ex-senadora e atual prefeita de Crateús, Janaína Farias (PT).

Os advogados de Ciro classificaram o pedido de prisão preventiva como “teratológico e nítido abuso de poder”, apontando que a acusação tenta transformar divergências políticas em instrumento de restrição de liberdade. A solicitação foi feita no âmbito da ação penal em que o Ministério Público Eleitoral acusa Ciro do crime de violência política de gênero.

Segundo a acusação, Ciro teria feito declarações ofensivas contra Janaína, em entrevistas e eventos públicos entre 2024 e 2025, associando sua ascensão ao Senado a acordos políticos e utilizando termos considerados depreciativos.

A ex-senadora alegou que os ataques continuam, inclusive em redes sociais, e que a prisão preventiva seria necessária para resguardar a ordem pública e evitar novas ofensas.

Recentemente, o pedetista reiterou críticas contra o ex-governador e atual ministro da Educação, Camilo Santana (PT), durante a festa de aniversário de 50 anos do ex-prefeito Roberto Cláudio, no dia 15 de agosto, e voltou a fazer ataques contra a prefeita de Crateús.

A defesa de Janaína protocolou o pedido de prisão por conta da seguinte fala do ex-governador: “Também, pudera, a pessoa que recrutava moças pobres, de boa aparência, para fazer o serviço sexual sujo do seu Camilo Santana, virou senadora do Ceará. Agora é prefeita num município do Ceará. E isso é um desafio para o qual os meus queridos amigos estão me chamando para encarar. É para eu encarar? Eu vou encarar”, disse Ciro na ocasião.

Em resposta, a defesa de Ciro Gomes argumenta:

  • Inexistência de contemporaneidade dos fatos: o pedido de prisão preventiva teria sido protocolado mais de quinze dias após as declarações atribuídas a Ciro Gomes, o que demonstraria ausência de urgência e fragilidade quanto à atualidade da medida cautelar.
  • Inadequação da tipificação como violência política de gênero: as manifestações questionadas teriam se dirigido ao ministro Camilo Santana e ao modelo de suplência do Senado, não havendo, segundo a defesa, dolo específico de ofender a ex-senadora em razão de sua condição de mulher.
  • Ausência de risco processual ou de fuga: a defesa argumenta que Ciro Gomes é figura pública nacionalmente conhecida, com endereço certo e atuação política constante, não havendo elementos que indiquem possibilidade de evasão ou de obstrução da instrução criminal.
  • Ilegitimidade superveniente da Advocacia-Geral do Senado: a representação da ex-senadora Janaína Farias pelo órgão não se justificaria, uma vez que ela não exerce mais mandato parlamentar e atualmente ocupa cargo de prefeita, o que descaracterizaria a atuação institucional da advocacia legislativa.

Para os advogados, prender o ex-governador por suas declarações representaria censura prévia e punição antecipada, afrontando a liberdade de expressão. A disputa jurídica entre Ciro Gomes e Janaína Farias se arrasta há mais de um ano, com o ex-governador sendo acusado de reiterar ofensas mesmo após se tornar réu e ser condenado.

 

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