O café semanal da oposição na Assembleia Legislativa do Ceará (Alece) foi mais concorrido do que o normal nesta terça-feira, 28, com a participação do deputado federal André Fernandes (PL), que chegou acompanhado de uma caravana de aliados.
Em entrevista coletiva, André comentou a relação com o ex-ministro Ciro Gomes (PSDB). "Muita gente tem me dito assim: 'André, se aproximar de Ciro politicamente é um movimento muito arriscado' e eu tenho respondido assim: mais arriscado é o que o povo do Ceará está enfrentando quando sai de casa".
Ele destacou também que as articulações têm aval do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). "Todas as movimentações que fiz aqui no Ceará, eu levei para o presidente Bolsonaro. Ele me ouviu, ele entendeu e ele mandou tocar", relatou.
O deputado ainda narrou como têm sido as conversas entre eles e o trato das divergências. "Uma certa vez, a gente estava falando sobre número, eu discordei de Ciro. Disse: 'Não é esse número, é esse aqui'. Quando foi à noite, ele mandou mensagem: 'Rapaz, você tá certo mesmo, era isso'. Fiquei muito feliz. Assim como muitas vezes ele tava certo. Em outros debates, eu estive errado".
Entusiasta da pré-candidatura de Ciro, André defendeu a oposição unida e mencionou outro pré-candidato a governador. "Eduardo Girão (Novo) tem que estar nesse projeto, ele tem que estar conosco, nós temos que fazer uma chapa única e ele tem que participar disso".
Após a entrevista, a oposição se reuniu a portas fechadas. Um dos pontos abordados, segundo participantes, foi o de não "entrarem na pilha" das falas do secretário-chefe da Casa Civil do governo Elmano de Freitas (PT), Chagas Vieira. De acordo com um deputado, Chagas criou um "escudo" ao governador ao pautar a oposição. "Ninguém mais vai ficar rebatendo o Chagas", confidenciou uma fonte.
Os oposicionistas também acertaram de não discutir sobre as divergências do passado, por exemplo, entre Ciro, André, Roberto Cláudio (sem partido) e Capitão Wagner (União Brasil). Durante a reunião, um parlamentar argumentou que os eleitores da direita já estão aceitando a aliança. Portanto, os políticos não deveriam se preocupar em dar explicações.
Eles citaram ainda que os integrantes da base do governo dão respostas parecidas umas com as outras nos temas polêmicos. Já na oposição, seria comum haver opiniões desencontradas. "É importante a gente alinhar o discurso", disse um deputado.
Também falaram sobre tentar atrair o PSD, ou ao menos parte dele, para a oposição. Um citado nominalmente foi o deputado Luiz Gastão. Haveria indícios de ruídos entre o partido e a base governista. A oposição está atenta para aproveitar.