O União Brasil acolherá em seus quadros, nesta quarta-feira, 5, o ex-prefeito de Fortaleza Roberto Cláudio. Após sucessivos adiamentos, a filiação ocorrerá em Brasília e contará com a presença de dirigentes partidários e aliados oposicionistas do Ceará.
A entrada de RC ocorre em meio ao processo de federação do União Brasil com o Progressistas (PP), que, no Estado, integra a base do governador Elmano de Freitas (PT). Chamada dele "União Progressista", ela foi formalizada em agosto, mas aguarda homologação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Nas últimas semanas, a federação atravessa turbulências. O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), tem protagonizado atritos com lideranças do PP, como o presidente nacional Ciro Nogueira, e até com membros do próprio União Brasil, como o ministro do Turismo, Celso Sabino.
Sobre Nogueira, o governador de Goiás declarou que o senador "não tem expressão política" e tenta “achar uma garupa para continuar na vida política”, em referência à possibilidade de o senador ser vice numa chapa presidencial da direita em 2026. Caiado é pré-candidato à sucessão de Lula (PT) pelo União Brasil.
Antes disso, Nogueira havia dito que os governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), são os mais "viáveis" da direita para encabeçar chapa. Na oportunidade, o presidente do PP assegurou não ter nada contra o governador de Goiás, mas reforçou que o "candidato tem que mostrar viabilidade".
Já quanto a Sabino, Caiado o chamou de "imoral" e "traidor" por permanecer no governo Lula após o desembarque do União Brasil. Em tom de ironia, o ministro respondeu: "Quando ele tiver 1,5% na pesquisa eu respondo a ele".
A provocação faz alusão a uma frase dita por Lula, em debate presidencial de 1989, do qual Caiado também participou.
Caiado teria trabalhado, inclusive, para desfazer a federação com o PP. O presidente do União Brasil no Ceará, Capitão Wagner, descartou a possibilidade. "Zero chance. O [presidente nacional, Antônio] Rueda já está até chateado com essas especulações, porque não tem qualquer fundamento. A federação está tramitando e ele não tem como acelerar um processo que só depende hoje do TSE", disse ao O POVO nesta terça-feira, 4.
"Falei, inclusive, com o Caiado hoje. Ele vai estar amanhã na filiação RC, e disse que não tem procedência essa informação", acrescentou Wagner.
Roberto Cláudio, por sua vez, disse que "é possível que, individualmente, um ou outro membro de cada partido tenha opinião divergente", considerando se tratar "da natureza democrática" das siglas.
"Pelo que entendo, e que é concreto, é que os dois partidos já tomaram individualmente com os seus diretórios nacionais a decisão política de federar, que aguarda nesse momento apenas a confirmação do TSE", complementou.
Questionado sobre apoiar ou não a continuidade do processo, RC respondeu: "Defendo que seja constituída a federação". O ex-pedetista chega ao UB, inclusive, com posição de destaque ao ser designado para assumir o diretório de Fortaleza.
Roberto Cláudio deixou o PDT por conta, entre outras razões, da aproximação que a sigla brizolista reestabelece com o PT. Enquanto a federação aguarda homologação, o Palácio da Abolição trabalha a fim de conquistar o apoio do grupo comandado por Rueda.
Em recente visita ao Ceará, o dirigente partidário posou para fotos com Chagas Vieira, secretário-chefe da Casa Civil, mas também com RC e Capitão Wagner, que preside o União Brasil no Estado.
Ao O POVO, Elmano já afirmou ter maioria dos apoios da futura federação, citando a adesão dos deputados federais Fernanda Pessoa e Moses Rodrigues, ambos do União Brasil, além de AJ Albuquerque (PP). Permanecem na oposição Danilo Forte e Dayany Bittencourt, também do União Basil, ambos críticos ao petista.