Adversários políticos em Iguatu, os deputados estaduais Agenor Neto (MDB) e Marcos Sobreira (PSB), ambos da base do governador Elmano de Freitas (PT), protagonizaram um embate na sessão plenária desta terça-feira, 2, na Assembleia Legislativa do Ceará (Alece). A troca de acusações levou ao encerramento da sessão por falta de quórum, o que irritou Agenor.
Ex-prefeito do município, Agenor utilizou o tempo de discurso para afirmar que o atual prefeito de Iguatu, Roberto Filho (PSDB), tem usado as redes sociais de forma recorrente para atacá-lo.
"Estou falando pela humilhação que os funcionários públicos de Iguatu estão passando neste exato momento. Quem viu, nas redes sociais, um vídeo de uma funcionária, mãe com dois filhos, chorando, dizendo que votou nesse prefeito e que está passando pela maior humilhação da vida dela", declarou.
Ele prosseguiu: "Por que ela está passando por essa humilhação? Porque ela exerceu o seu direito como funcionária de fazer greve. Mas por que essa greve? O sindicato e os funcionários públicos de Iguatu estão em greve por vários motivos, mas o choro foi em virtude dela receber seu salário com desconto de R$ 1 mil, como punição por estarem em greve", acusou.
Em seguida, chamou a atual gestão de “cruel” e “pior da história da cidade”, além de afirmar ter quitado milhões em precatórios herdados da gestão anterior. Agenor também fez outras acusações, dizendo que o prefeito estaria sendo investigado pela Polícia Federal e que a Prefeitura não teria repassado ao hospital municipal diversos recursos previstos.
Em resposta, o deputado Marcos Sobreira rebateu Agenor e afirmou que a Prefeitura de Iguatu já pagou, somente na atual gestão, mais de R$ 25 milhões em precatórios deixados por Agenor e que, “novamente teve semana passada”, R$ 15 milhões bloqueados pela Justiça.
"Em 11 meses de gestão, são R$ 40 milhões que o deputado Agenor enquanto prefeito deixou para o povo de Iguatu e a conta tá sendo paga agora", declarou.
Sobre a greve, Sobreira disse que os servidores têm direito de reivindicar, mas afirmou que não entraria no mérito porque houve uma decisão do Tribunal de Justiça suspendendo o movimento. Acrescentou, porém, que gestões anteriores teriam promovido episódios de espancamento contra funcionários públicos durante paralisações.
Ele encerrou pedindo desculpas por tratar do tema no Plenário, lembrando que havia um acordo com a Presidência para que não fosse abordado. "Mas, infelizmente, quem deu a palavra ao presidente não tem palavra. Peço desculpas aos senhores deputados, mas lamento que a eleição no Iguatu não tenha acabado", finalizou.
Após a fala de Sobreira, Agenor alegou questão de ordem e pediu para responder. O deputado Danniel Oliveira (MDB), que presidia a sessão, concedeu três minutos.
O ex-prefeito então afirmou que a disputa eleitoral segue em Iguatu porque, "pela primeira vez na história", quem venceu teria acionado judicialmente quem perdeu. "É isso mesmo, o atual prefeito entrou com uma ação contra meu filho. Dois processos", disse.
Ele seguiu fazendo novas acusações contra a atual gestão. Ao final do tempo, Sobreira pediu o direito de resposta.
Danniel Oliveira, pedindo parcimônia, disse que, regimentalmente, precisava conceder o tempo ao pessebista. Este, então, afirmou que o adversário tem “muitos processos” e destacou que a gestão atual teria quase 80% de aprovação popular.
Com o novo pronunciamento, antes que Agenor pudesse novamente responder, o líder do governo, deputado Guilherme Sampaio (PT), pediu verificação de quórum. Como não havia número mínimo de parlamentares, a sessão foi encerrada, deixando Agenor contrariado.
O colunista do O POVO, Guilherme Gonsalves, informou que o emedebista sentiu-se censurado e afirmou que entregará o cargo de vice-líder do governo.
A reportagem tentou contato telefônico e por WhatsApp com Agenor para confirmar se a decisão já foi formalizada, mas não obteve retorno até o fechamento desta página.