Logo O POVO+
Saúde S/A: a indústria da saúde em movimento no Ceará.
Reportagem

Saúde S/A: a indústria da saúde em movimento no Ceará.

Edição Impressa
Tipo Notícia Por
UNIDADE de Aquiraz, no Ceará, conta com o programa Open Fresenius Kabi, que visa mostrar como é a profissão na prática e atrair talentos (Foto: Divulgação)
Foto: Divulgação UNIDADE de Aquiraz, no Ceará, conta com o programa Open Fresenius Kabi, que visa mostrar como é a profissão na prática e atrair talentos

No Ceará, quando se trata de negócios em saúde dois nichos despontam: o de farmácias, com a Pague Menos, sendo a segunda maior rede do Brasil, e a de plano de saúde, com a Hapvida, que em junho deste ano bateu recorde de aquisições em sua estreia na Bolsa de Valores. Mas, para além desses segmentos, há toda uma cadeia produtiva em ascensão, ancorada por investimentos públicos e privados, com potencial de, no médio e longo prazo, reconfigurar a posição do Estado no mercado brasileiro

Hoje, embora o volume de pesquisa em saúde seja amplo, a produção industrial cearense nesta área ainda é pequena. È de apenas 7% do Produto Interno Bruto (PIB) do Estado, segundo o Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece). Porém, nos segmentos específicos em que já atua estão players importantes do mercado.

Mais de um terço do soro vendido no Brasil, por exemplo, é produzido por indústrias instaladas no Ceará. É também de fábricas locais que saem boa parte dos fios cirúrgicos e gel para diagnósticos que abastecem a maior parte dos hospitais das regiões Norte e Nordeste. Têm destaque ainda na produção de alimentos enterais (aqueles destinados a indivíduos que não conseguem se alimentar totalmente pela boca), injetáveis, cosméticos, de higiene e de bisnagas.

E não é só isso. É por meio, principalmente, do Porto do Pecém, no município de São Gonçalo, que a Fresenius Kabi do Brasil, multinacional alemã instalada no Ceará desde 1997, distribui para mercado brasileiro e exterior não apenas os soros e soluções parenterais que são produzidos na fábrica de Aquiraz, mas os demais produtos injetáveis e equipamentos feitos pela marca em unidades de outros Estados.

“O Ceará é uma praça estratégica para nós. Além de uma excelente localização estratégica para fins logísticos, uma ótima relação com o Estado e mão-de-obra local qualificada. A nossa central de importação e exportação fica no Ceará”, afirmou o diretor de relações institucionais da Fresenius Kabi do Brasil, Newton Galvão.

Ele ressalta que foi por conta do alto processo tecnológico embarcado na unidade cearense que a exportação de soro, produto de validade curta, foi viabilizada há alguns meses. As operações começaram pela Argentina. 

A cearense Fortsan, líder na produção de gel para diagnósticos, mas que também produz desinfetantes e saneantes hospitalares, se prepara também para uma segunda unidade no Estado. A primeira fica no Eusébio. E a outra, a ser inaugurada em 2021 ou 2022, deve ficar no Pólo Químico de Guaiúba. “A gente pretende colocar lá uma unidade específica para produção de curativos hospitalares para diabéticos, com sensores, que está sendo desenvolvido por nós”, explica o empresário Marcos Soares, que também preside o Sindiquímica.

O Estado também está trabalhando para atrair outras empresas. Dentre as negociações em andamento está o laboratório Pratt-Donaduzzi, maior produtora de genéricos do Brasil e principal fornecedora de medicamentos para o Governo Federal. Neste caso, estão também na disputa o governo de Pernambuco, o de São Paulo e o do Paraná, onde fica a sede central da empresa.

Outras duas empresas na área de inovação tecnológica devem se instalar nos Distritos de Saúde até o final deste ano, adianta o secretário estadual de saúde, Carlos Roberto Martins Rodrigues, o Cabeto. “Eu acredito que até novembro a gente já consegue aprovar o projeto de lei com nova metodologia tributária fiscal para atração dessas empresas e, em dezembro, já vamos ter os nossos primeiros acordos assinados”.

Ipece

Até o fim deste ano, o Ipece, em parceria com a Sesa, vai finalizar um estudo mais detalhado sobre o impacto da indústria da saúde no Ceará. Além de mapear a rede existente, o material visa identificar oportunidades e acompanhar a evolução deste mercado

FORTALEZA, CE, BRASIL, 20-09-2019: Produção de fio cirúrgico da empresa Point Suture localizada no Baiiro Barra do Ceará em Fortaleza. (Foto: Júlio Caesar/O POVO)
FORTALEZA, CE, BRASIL, 20-09-2019: Produção de fio cirúrgico da empresa Point Suture localizada no Baiiro Barra do Ceará em Fortaleza. (Foto: Júlio Caesar/O POVO)

Fabricante de fios para sutura, Point Suture negocia unidade no Eusébio

A cearense Point Suture, há 30 anos no mercado, líder em produção de fios para suturas cirúrgicas no Estado, está entre as empresas que está negociando com o governo para se instalar no Polo de saúde do Eusébio.

O projeto já está desenhado e tem investimento estimado entre R$ 10 milhões, sendo R$ 4 milhões para construção de laboratórios especiais e R$ 6 milhões destinados a equipamentos e maquinários. Falta apenas a regulamentação por parte do Estado. "Só estamos dependendo deles. Temos o aval da Fiocruz. E para gente é muito importante estar lá para poder estreitar parcerias para ampliação de nossas pesquisas, produzir inovação e conhecimento", afirma a presidente da Point Suture, Beatriz Viana.

Ela explica que esta maior proximidade com uma instituição do porte da Fiocruz pode significar também redução de custos de produção, já que muitos testes, hoje necessários para fabricação dos produtos, são enviados para laboratórios de outros estados. "A população também tem muito a ganhar com estes polos de saúde, porque vamos ter mais gente se debruçando sobre a problemática da saúde".

Hoje, dos mais de 600 mil fios agulhados produzidos por mês na fábrica instalada na Barra do Ceará, em Fortaleza, a empresa contabiliza 8% da produção destinados para exportação, sobretudo, para países da América do Sul e da América Central.

O que você achou desse conteúdo?