A Casa Civil do Governo do Estado realizou uma reunião ontem, 8, para discutir as próximas ações para a retirada do óleo que atingiu a costa do Nordeste. Em nota divulgada à imprensa, afirmou que há 12 dias não há notificações a respeito de novas manchas perto da costa nem outras praias contaminadas, mas que ainda assim serão realizados, hoje e amanhã, sobrevoos de todo o litoral para observar a ocorrências próximas à costa, assim como vistorias por terra. Na sexta-feira, 11, está programada uma limpeza da praia da Sabiaguaba para a retirada de pequenos fragmentos de óleo (flocos) que ainda se encontram na faixa do litoral.
O sobrevoo será realizado nesta quarta entre Cruz, no litoral oeste, e Icapuí, no extremo leste do estado, e deverá ser realizado com representantes do Ibama e de entidades da sociedade civil que lidam com o meio ambiente.
Apesar das ações de limpeza previstas e de novas reuniões marcadas até o fim da semana para acompanhar os resultados, o Estado diz ter a situação sob controle desde o dia 26, quando técnicos da autarquia realizaram um sobrevoo no litoral do estado e não viram manchas de óleo se aproximando das praias. No entanto, até o dia 29 de setembro, data da última limpeza, a Semace havia registrado um volume de 500 litros do óleo colhidos nas praias do Ceará, material que pode chegar ao nosso litoral em qualquer momento, carregado pelos ventos e marés.
Para ajudar na retirada desses resíduos que ainda podem ser vistos na faixa de areia, algumas empresas privadas cederam ao Estado implementos para a coleta de resíduo sólido e equipamentos de proteção individual - o material coletado está sendo incinerado no forno de uma indústria licenciada pela Semace para a queima de material perigoso.
A Prefeitura de Fortaleza, por sua vez, está mobilizando técnicos das Secretarias Municipais de Conservação e Serviços Públicos (SCSP) e Urbanismo e Meio Ambiente (Seuma) desde o começo deste mês. Foram retirados cerca de 500 litros do material na faixa de areia das praias do Futuro, Caça e Pesca, Titanzinho, Cofeco e Sabiaguaba.
Sobre as ações de limpeza, a professora Maria Ozilea Bezerra Menezes, diretora do Laboratório de Oceanografia Física do Instituto de Ciências do Mar (Labomar) da Universidade Federal do Ceará (UFC) faz um alerta: “A equipe responsável por essa ação na praia deve usar água fria e de baixa pressão, pois a água quente altera o metabolismo dos animais com conseqüências desastrosas. Já a lavagem com alta pressão remove muitas fontes de alimentação”, explica. “Os custos da limpeza de um derrame de óleo serão significativamente mais baixos quanto mais rápida for a limpeza de uma área porque prevenirá maiores impactos”, destaca.
“O efeito do derrame de óleo na biota marinha pode envolver uma variedade de ecossistemas, espécies e habitat. Normalmente, em caso de acidentes como esse, os animais são tratados em centros especializados de reabilitação. Alguns podem ser salvos após um mês de reabilitação, entretanto o sucesso do tratamento não é garantido”, complementa.
Para Yara Oliveira, voluntária do instituto Verdeluz, as ações ainda precisam ser aprimoradas. "Apesar do governo dizer que a situação está sob controle, não é bem isso que a gente vê. Até onde eu saiba, eles não estão fazendo um estudo aprofundado e nem contam com uma contabilização oficial de animais mortos, resgatados e de resíduos recolhidos por localidade", aponta. "Ao encontrar os animais atingidos, a população acaba notificando a gente, apesar de não termos o apoio necessário", afirma.