Logo O POVO+
Ataque dos EUA contra general iraniano deixa o mundo em suspense
Reportagem

Ataque dos EUA contra general iraniano deixa o mundo em suspense

Assassinato de Qasem Soleimani impacta relações internacionais. Irã condena ataque e promete vingança. Ação dos EUA inflama ainda mais o antiamericanismo na região
Edição Impressa
Tipo Notícia Por
AIATOLÁ Ali Khamenei prometeu retaliação ao ataque que resultou na morte do general Qasem Soleimani (Foto: AFP PHOTO / KHAMENEI.IR)
Foto: AFP PHOTO / KHAMENEI.IR AIATOLÁ Ali Khamenei prometeu retaliação ao ataque que resultou na morte do general Qasem Soleimani

O general Qasem Soleimani e o número 2 das Forças de Mobilização Popular pró-Irã, Abu Mehdi al-Muhandis, foram mortos na madrugada da última sexta-feira, 3, durante um ataque com mísseis coordenado pelos Estados Unidos, na zona do Aeroporto de Bagdá, no Iraque. O fato ocorreu poucos dias após manifestantes pró-Irã tentarem invadir a embaixada americana na cidade.

Soleimani liderava a Força Al Quds, unidade especial da Guarda Revolucionária Iraniana responsável por operações no exterior. Além de ser um dos militares mais importantes do Irã, Soleimani era extremamente popular. Considerado um herói de guerra, ele era um dos nomes cotados para concorrer à presidência do Irã nas próximas eleições.

Após a confirmação das mortes, o líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, prometeu uma "dura vingança" aos assassinos do general. Além dele, o chanceler iraniano, Javad Zarif fez uma publicação no Twitter falando que o país arcaria com as consequências de sua "aventura desonesta". O primeiro-ministro do Iraque, Adel Abdel Mahdi disse que "realizar operações desse tipo em solo iraquiano constitui uma violação da soberania e um ataque à dignidade do país".

Especialistas esperam algum tipo de retaliação do Irã, mas ainda não há consenso sobre o que será feito. Algumas das possibilidades mais imediatas apontam para ataques a bases e instalações norte-americanas e aliadas no Oriente Médio. Para o professor de Relações Internacionais da Fametro, Vanilo de Carvalho, o ataque dos EUA a um dos nomes mais importantes do Irã é uma surpresa. "Ao matar o general, os iranianos entendem aquilo como um ato de guerra, e eu também. Qual foi o plano? Será que tem a ver com a disputa eleitoral deste ano nos EUA? Acredito que ainda não temos uma compreensão total do que o governo acha que vai ganhar com isso", pontua.

Carvalho destaca que a resposta do Irã deverá ser violenta, mas não acredita na possibilidade do fato desencadear uma 3ª Guerra Mundial. Para ele, as guerras atualmente são feitas de outras maneiras. "A gente vive uma guerra contínua. Aquela guerra nos moldes tradicionais é só uma das possibilidades, mas há outros modos de "guerra", como a dominação econômica por meio de embargos ou aumento dos preços do petróleo e desequilíbrio das relações internacionais", finaliza.

O secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, qualificou o ato como um "ataque defensivo", feito para "salvar vidas americanas". Segundo os EUA, Soleimani planejava atacar diplomatas e bases aliadas na região. Em 2003, na invasão dos EUA ao Iraque, o discurso foi parecido; Um "ataque preventivo", no contexto da luta contra o terrorismo, serviria para libertar o povo iraquiano.

Um novo ataque aéreo americano visou na manhã de sábado (noite de sexta-feira no Brasil) um comandante da milícia iraquiana pró-Irã Hashd al-Shaabi, no norte de Bagdá, segundo a TV estatal. A emissora não informou a identidade do comandante visado no novo ataque, que deixou "mortos e feridos", segundo uma fonte da polícia iraquiana sem, no entanto, dar um balanço preciso. (colaborou Leonardo Igor/especial para O POVO)

(Foto: )

ANÁLISE

Assista no
O POVO Online um vídeo com análise dos impactos da escalada de tensão entre Estados Unidos e Irã

O que você achou desse conteúdo?