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Modelo de streaming impacta no consumo de negócios no mercado de telecomunicações
Reportagem

Modelo de streaming impacta no consumo de negócios no mercado de telecomunicações

Uma nova forma de contato das empresas de mídia com os clientes tem crescido. De olho, a concorrência tem aumentado com a criação de mais canais e há impacto também no mercado de dados
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A marca mais consumida no Brasil e associada à tecnologia de streaming continua sendo a Netflix, criada em 1997 nos Estados Unidos com pretensões de substituir as videolocadoras - o que, de certa forma, conseguiu. A empresa conquistou os brasileiros em 2011 com mensalidades módicas (R$ 14,90), um valor justo diante da conveniência de escolher, a qualquer momento, um filme para a programação do sofá com pipoca, e o melhor, sem ter a necessidade de sair de casa para devolver a cópia depois. Líder no mercado e, por muito tempo, reinando de forma isolada, hoje em dia disputa espectadores com outros nomes que chegam com cacife para simplesmente revolucionar o mercado - caso de gigantes como a Amazon.

O modelo de negócio que associa produção de conteúdo com distribuição está sendo também adotado por outras empresas de mídia, que lançaram seus serviços de streaming, como a Rede Globo, que há pouco mais de quatro anos criou a Globoplay e pretende investir R$ 1 bilhão com conteúdos e novas tecnologias somente em 2020. O mercado está, nos últimos anos, tornando-se mais competitivo e segmentado, com tendência de concentração da maior fatia do público entre os nomes mais fortes e com capacidade de investimentos na ordem dos bilhões de dólares.

"Um dos principais motivos para esse maior volume de produção e de consumo tem a ver com a disseminação das conexões de banda larga e maior acesso à internet por parte dos usuários. Se a gente volta pro modelo de televisão por satélite ou cabo, eles seriam modelos de negócios muito caros, porque a infraestrutura era limitadora também. Hoje em dia, mesmo que você não seja um grande player, você pode produzir e distribuir seu conteúdo por meio da internet", afirma Georgia Cruz, professora do curso Sistemas e Mídias Digitais da Universidade Federal do Ceará (UFC).

"Sobre a concentração de conteúdo na mão de poucos, acho que esse fenômeno tem a ver com a capacidade de investimento que essas empresas têm. A Netflix foi pioneira no mercado com a disponibilização de conteúdos que só estavam disponíveis em videolocadoras. Só que, ao atrair o público para essa possibilidade de consumo de entretenimento, ela provocou mudanças no mercado. Esse volume de investimentos abriu um filão para empresas que não exploravam as modalidades de streaming e on demand (sob demanda), como a Disney", exemplifica.

Por outro lado, as prestadoras de TV por assinatura reagem à perda de seus assinantes procurando se adaptar a este novo cenário: ao se manterem como aglutinadoras de conteúdos, incorporando serviços de streaming à grade de navegação, elas acabam também impactando no sistema de telefonia, já que o consumo de streaming também aumenta o uso de internet, dado que, a maioria do público está mais conectada às plataformas por meio do smartphone.

"Existe um problema que as prestadoras de TV por assinatura terão de enfrentar, que é o custo alto. Principalmente porque muitos dos conteúdos ofertados por elas também estão disponíveis em serviços de streaming por um quinto do valor cobrado em um pacote de assinatura. Eles oferecem streaming como uma diversificação do serviço, mas acabam não fidelizando o público a continuar com esses serviços, porque em geral ele vem como um custo adicional ao alto valor já pago pela assinatura", avalia.

O assessor de imprensa Diego Gregório demorou a aderir ao streaming, porque tinha DVDS e Blu-rays em casa, mas há quatro anos decidiu assinar a Netflix por conta da praticidade e da vontade de consumir o conteúdo da plataforma. Atualmente, ele já possui acesso a mais duas e aos poucos foi se desfazendo das mídias táteis. "Em um primeiro momento, o streaming me pareceu prático, além do baixo preço, que para mim foi uma surpresa. Depois fui me apegando às séries produzidas ou distribuídas pelas plataformas, mas acabei voltando a comprar os DVDs dos meus filmes preferidos, mesmo eles estando disponíveis online, simplesmente pelo prazer de poder tocá-los", afirma.

Já o streaming da Globo foi escolhido por conta das novelas. "Nunca pensei que fosse virar assinante. Confesso que assinei por causa da novela das nove, pois meu namorado e eu nem sempre estamos em casa no horário e adoramos maratonar", diz.

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