Com as obras previstas para terminar em maio deste ano, após sucessivos adiamentos, o polo gastronômico da Varjota deve transformar 1,5 km das ruas Ana Bilhar e Frederico Borges em um espaço onde os usuários podem se deslocar prioritariamente a pé ou de bicicleta.
A assinatura da ordem de serviço foi em dezembro de 2018 e as primeiras intervenções começariam no mesmo mês, mas acabaram não acontecendo. "A primeira construtora demorou três meses para entrar, aí rescindimos o contrato e a atual está se mantendo dentro do prazo. Esse atraso só aconteceu porque a primeira construtora infelizmente não se mobilizou", explica o prefeito Roberto Cláudio.
Segundo o cronograma da Prefeitura, em maio serão entregues as ruas Ana Bilhar e Frederico Borges - os outros trechos estão passando por obras consideradas auxiliares, como as de drenagem, visto que a região tem o histórico de alagamentos em períodos chuvosos. Um dos trechos que vai receber galerias de recolhimento de águas pluviais é o da rua Coronel Jucá, na esquina do restaurante Dallas. A drenagem vai se estender por outras vias e deve ser concluída só depois da inauguração do polo.
"A área realmente merecia uma atenção, dada a tradição da Varjota como uma referência na gastronomia cearense. Ter uma fiação subterrânea e um calçamento especial são ações positivas, mas não podemos esquecer do fator trânsito - seja pela possibilidade do recém-inaugurado túnel da avenida Alberto Sá impactar no fluxo da Ana Bilhar, quanto da falta de vagas para estacionamento, já que as ruas estão voltadas prioritariamente para o pedestre", afirma o geógrafo José Borzacchiello, morador da região.
"As vias para os carros estão sendo estreitadas para a instalação de calçadas mais largas e da ciclofaixa. Penso que isso pode se tornar um problema no trânsito, como a formação de congestionamentos, além de gerar o inconveniente do usuário ter que colocar o carro nas outras ruas, já bastante verticalizadas", pondera.
Segundo a titular da Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seinf), Manuela Nogueira, a intenção do projeto é mesmo priorizar o pedestre em detrimento do carro. "Queremos que as pessoas - não só as que moram na Varjota mas também as que frequentam o local - não se sintam mais obrigadas a parar em frente ao restaurante porque não tem calçada para andar. Ou porque o ambiente não é agradável ou mesmo porque não oferece segurança. A ideia é mudar esse conceito de urbanismo, a exemplo do que existe na Vila Madalena (bairro boêmio de São Paulo), em Nova Iorque ou Paris, que são áreas nas quais as pessoas não têm mesmo onde estacionar e chegam lá de outras formas que não o carro próprio", explica.
"A pessoa vai poder começar a noite em um barzinho, depois andar até um restaurante para jantar. Se quiser uma sobremesa e o cafezinho, está tudo lá, é só atravessar a rua. E ainda vai poder passar numa loja e comprar uma lembrancinha. É um convite para as pessoas ocuparem o espaço público e a rua", destaca. "Sobre o túnel, o que percebemos é que não houve impacto negativo na Ana Bilhar", afirma.
De acordo com a gestora, o ordenamento - que definirá espaços reservados a vagas de estacionamento, ruas destinadas a carga e descarga para o comércio, embarque e desembarque de passageiros - será feito em conjunto com a Autarquia Municipal de Trânsito e Cidadania (AMC) e Secretaria Regional.
Perspectivas
Eric Catunda
Um dos proprietários do "Rolê Burguer e Chop", na rua Frederico Borges, Eric está ansioso para o fim da obra em frente ao estabelecimento. No mês de dezembro, ele e o sócio Vicente Monteiro decidiram suspender o funcionamento, mas em janeiro voltaram com tudo. "O projeto da obra é bem legal. O único problema é a demora. A galera já estava com saudade de encontrar a loja aberta e falava que queria voltar logo. Em relação ao projeto, eu gosto desse esquema de priorizar mais o pedestre, o ciclista e quem mais faz o rolê na rua", comenta Catunda. (Ítalo Cosme)
Lei
A lei nº 9.563, de 28 de dezembro de 2009, estabeleceu o corredor gastronômico da Varjota. Atualmente a região possui mais de 100 bares, restaurantes e lanchonetes, dentre outros comércios voltados para a alimentação