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Prefeito aponta "motivações políticas eleitorais" em operação da Polícia Federal
Reportagem

Prefeito aponta "motivações políticas eleitorais" em operação da Polícia Federal

Roberto Cláudio (PDT) disse não acreditar que a Polícia Federal possa ser contaminada por interesses políticos de representante do Governo Federal no Ceará. Gestor nega irregularidades
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ENQUANTO está junto com postulantes aliados, prefeito também acompanha debates internos com pré-candidatos do PDT 
 (Foto: Reprodução)
Foto: Reprodução ENQUANTO está junto com postulantes aliados, prefeito também acompanha debates internos com pré-candidatos do PDT

Prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio (PDT) afirmou ontem que a operação da Polícia Federal que investiga possíveis irregularidades em compra de 150 respiradores mecânicos pelo município tem "motivações políticas e eleitorais".

"Eu não quero crer que uma instituição (referência à PF) com tantos servidores sérios e honestos possa ter o seu trabalho contaminado por um representante que tenha eventualmente motivações políticas e eleitorais", disse o gestor.

Sem se referir a nomes, o prefeito afirmou que esse representante tem "cargo de confiança do presidente da República e está aqui exercendo uma missão para o Governo Federal". A declaração foi dada ontem, durante transmissão pelas redes sociais.

Em seguida, RC acrescentou: "Não esqueçam, este ano é ano de eleição. Eu não sou candidato, mas tem muita gente interessada em desconstruir (o trabalho da Prefeitura). É a mesma turma do lenga-lenga, da denúncia e das fake news".

Deflagrada nessa segunda-feira pela PF, Ministério Público Federal (MPF), Controladoria-Geral da União (CGU) e Justiça Federal, a Operação Dispneia (em alusão à falta de ar, um dos sintomas da Covid-19) apura suspeita de superfaturamento na aquisição de aparelhos de auxílio de respiração pela Prefeitura de Fortaleza.

Os equipamentos são vitais no tratamento da infecção pelo novo coronavírus, cujos casos em território cearense se concentram sobretudo na Capital, que está sob vigência de decreto de lockdown (bloqueio total) desde 8 de maio.

 Ao todo, são alvo da PF dois contratos assinados pelo hospital Instituto Dr. José Frota (IJF) e o Fundo Municipal de Saúde, que somam R$ 34.802.400, ambos já rescindidos pelo Executivo desde a semana passada. Desse total, informou o Paço, ao menos R$ 5.191.571,25 já retornaram aos cofres do tesouro - o restante será devolvido ainda nesta semana.

Em nota enviada na tarde de ontem, a Prefeitura já havia classificado a ação da PF como "notavelmente estranha" e "com fortes tendências e características político-midiáticas, especialmente pelo fato de que é integralmente falsa a informação acerca do uso de recursos públicos federais".

À noite, o prefeito reiterou as críticas, assegurando que "100% dos recursos utilizados são oriundos de fontes municipais" e que a operação é "uma perseguição nacional".

O POVO entrou em contato com o MPF, que rebateu RC. Procurador da República responsável pelo caso, Ricardo Magalhães de Mendonça respondeu que a "Prefeitura de Fortaleza ainda não demonstrou, no âmbito da investigação, comprovação de que os dois contratos foram feitos exclusivamente com recursos municipais". Mendonça reafirmou a competência do MP para analisar o tema.

A Justiça Federal também foi acionada, mas, por assessoria, declarou que o processo corre sob sigilo e que não iria tratar das ações publicamente. O juiz do processo é José Flávio Fonseca de Oliveira, da 12ª Vara Federal, a mesma que cuida dos desdobramentos da Operação Lava Jato no Ceará. A reportagem o procurou para comentar o assunto, mas não teve retorno.

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