Cinquenta anos de quando o Brasil subiu no topo do futebol mundial pela terceira vez, comandado por Pelé e uma legião de craques. Hoje, 21 de junho de 2020, a conquista do Tri da seleção brasileira na Copa do Mundo de 1970, no Estádio Azteca, Cidade do México (MEX), completa cinco décadas de um dos momentos mais marcantes da história do esporte.
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Ingredientes especiais não faltam no tempero do Tri. O escrete tupiniquim que desfilou futebol no México é considerado por muitos o melhor time da história do esporte. A pelota fluía fácil com o "Esquadrão de 70" com Pelé, Rivelino, Jairzinho, Gérson e Tostão. A presença deste quinteto em campo é lembrada até hoje pelos lances espetaculares e entrosamento, mas também pelo fato de reunir cinco "camisas 10" entre os titulares.
"Não diria a melhor seleção coletivamente, mas individualmente. Do meio pra frente tinha cinco jogadores geniais. É o melhor ataque de todos os tempos. Todo mundo voltava e o Jairzinho ficava engatilhado. Ele foi o craque de 70", afirma Sérgio Redes, ex-jogador e colunista esportivo do O POVO.
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Apesar da campanha tranquila nas Eliminatórias, o Brasil chegava para o Mundial sob desconfiança após o fracasso na edição anterior, em 1966, quando não passou da primeira fase, e pela queda do então técnico João Saldanha a 78 dias da estreia na competição.
Artilheiro do Brasil na Copa, Jairzinho reforça a importância da preparação para os desafios no México sob o comando de Mario Lobo Zagallo. "Depois do fracasso, nós nos reunimos no Brasil (a preparação ocorreu no Rio de Janeiro sem grandes luxos). Tivemos a direção e o comando do melhor treinamento que até hoje digo. Zagallo e sua comissão técnica elaboraram uma fórmula para se preparar para a Copa do Mundo. Foram dois meses e meio de preparação. Foi a primeira vez que aconteceu isso no Brasil, e nós fomos bem-sucedidos", afirma o "Furacão de 70".
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Comentarista dos canais ESPN, Paulo Calçade destaca o tratamento tático dado por Zagallo. Características do "Esquadrão de 70" são presentes no futebol atual, como o jogo objetivo, vertical e marcação com linhas baixas no 4-4-2. "Você ouve gente falar que o ponta não pode voltar para marcar. Não, o seu talento não funciona por estar sobrecarregado por missões táticas. Aquele time fazia isso já. Em todos os jogos."
Para Jairzinho, o fato de todos os jogadores convocados para a Copa de 1970 atuarem no Brasil contribuiu para o encaixe e entrosamento da equipe tupiniquim. "Ninguém jogava fora. Esse fortalecimento elevou a seleção. Todo dia jogávamos um contra o outro. Existia a conscientização e o conhecimento das características de cada um. Não houve diversidade. Todos nós tínhamos um bom relacionamento e nos respeitávamos", comenta.
E dentro de campo a sintonia entre os jogadores deu liga. Não teve adversário que parasse a Canarinho. Com campanha invicta, a seleção brasileira enfileirou seis adversários, batendo a Itália na final com placar elástico de 4 a 1 para assegurar o título e se tornar o primeiro país tricampeão mundial.
O historiador e professor Airton de Farias, autor do livro "Uma História Das Copas do Mundo - Futebol e Sociedade", resume os cinco principais motivos para a conquista de 1970 ser uma das mais memoráveis na trajetória do esporte brasileiro. O momento político do Brasil, governado por militares; o último Mundial de Pelé; a primeira transmissão da competição em cores na TV; e o sentimento saudosista pelo título gerado pelo jejum sem troféus no torneio, que durou 24 anos, quando a geração de Romário encerrou em 1994.